Eleições 2022: apoiadores de Lula e Bolsonaro disseminam desinformação em massa
Apoiadores dos candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) têm usado, a cada dia com mais frequência, as redes sociais para difundir desinformação em massa neste segundo turno.
As publicações, que geram dezenas de milhares de interações entre apoiadores dos dois lados, espalham notícias falsas e conteúdos fora de contexto sobre temas que vão da liberação de “todas as drogas” pelo ex-presidente até uma suposta iniciativa de Bolsonaro para acabar com o feriado de Nossa Senhora de Aparecida.
Uma imagem com o conteúdo alterado que circula no Twitter mostra uma publicação de Bolsonaro no Facebook em que ele manifesta o desejo em acabar com o feriado de 12 de outubro a partir de 2023. A informação foi desmentida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
“Bolsonaro nunca acabaria com um feriado religioso. Nós somos os verdadeiros cristãos”, declarou o filho do presidente.
Drogas e religião
Em grupos de Telegram, por outro lado, bolsonaristas compartilham um vídeo manipulado para parecer que Lula estaria dando entrevistas embriagado. A gravação ainda afirma que, se a esquerda vencer essa eleição, todas as drogas seriam legalizadas no Brasil.
Em outro vídeo divulgado nas redes, o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL) – o deputado federal mais votado do País este ano – associa o uso de drogas, o fechamento de igrejas e a perseguição de padres a Lula.
“Quando as igrejas forem fechadas, padres forem perseguidos e proibirem de professar a sua própria fé, faz o ‘L'”, diz ele.
O material foi reproduzido na conta da deputada federal Bia Kicis (PL-DF) no Instagram. A campanha petista já rechaçou qualquer associação desse tipo.
Aposentados
Já apoiadores de Lula, como o deputado federal André Janones (Avante-MG), têm espalhado a informação de que o ex-presidente da República e senador Fernando Collor (PTB-AL) será o ministro da Previdência em um eventual segundo mandato de Bolsonaro no Executivo.
Janones postou uma imagem adulterada que atribui a informação ao portal de notícias G1. “Alguém sabe se isso aqui é verdade? Mais cedo estava rodando muito no zap, agora vi que postaram aqui no Twitter também”, escreveu. “Bora alertar o povo sobre os riscos caso isso ocorra! Se viralizar por lá, já era! É guerra.”
Na manhã do domingo, o deputado mineiro voltou ao assunto. Um vídeo publicado por Janones, editado e fora do contexto, mostra Bolsonaro dizendo que Collor será ministro e confiscará benefícios dos aposentados. “Não sei a veracidade disso, mas não me parece montagem. Recebi via Whats. Esperamos o pronunciamento do presidente Bolsonaro. Caso seja verdade, é grave”, disse o parlamentar.
O vídeo tinha uma marca d’água do ex-secretário da Cultura e deputado eleito Mario Frias, que reagiu. “Janones utilizou um vídeo com minha marca retirando completamente do contexto o que o presidente disse. Isso é propagação de fato inverídico com fim eleitoral e eu tomarei as medidas judiciais cabíveis”, declarou Frias.
Em resposta, Janones mencionou uma publicação feita por Bolsonaro que associa o Primeiro Comando da Capital (PCC) a Lula.
PCC
No sábado, Bolsonaro compartilhou o áudio em que um suposto traficante comenta a disputa presidencial. “Marcola, chefão do PCC, confessa que Lula é o melhor para o crime organizado”, diz o texto do conteúdo publicado pelo candidato à reeleição.
No última dia 2 – data do primeiro turno das eleições – o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinou a remoção de publicações que afirmam que Marcola declarou voto em Lula.
Na decisão, o ministro disse que a informação é “inverídica e descontextualizada” e que a Corte não poderia permitir a circulação de notícias falsas na véspera do pleito.
Ainda no domingo, Janones discutiu com deputados bolsonaristas, como Carla Zambelli (PL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que acusaram o deputado de divulgar conteúdo falso.
“Será? Se realmente for fake, é gravíssimo! Pela primeira vez temos a mesma opinião! Deixa comigo, vou avisar em todos os grupos de WhatsApp que o vídeo está fora de contexto e que seu pai não falou isso! Mais importante do que vencer é termos eleições limpas”, ironizou Janones.
Justiça Eleitoral
Na semana passada, as equipes jurídicas de ambos os candidatos ao Palácio do Planalto recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral para pedir a remoção de publicações e propagandas falsas ou fora de contexto.
Na sexta-feira, a campanha de Bolsonaro acionou o tribunal para proibir a propaganda do ex-presidente Lula que o associava ao canibalismo.
O ministro do TSE Paulo de Tarso Sanseverino também determinou ao Twitter e ao Facebook a retirada de 31 publicações associando Lula ao ditador da Nicarágua, Daniel Ortega. A decisão gerou polêmica por incluir um post do jornal paranaense Gazeta do Povo e foi tratada como censura por entidades.
Outra ação protocolada pela equipe jurídica de Lula pede a remoção de 34 perfis, classificados pela campanha petista como disseminadores de informações falsas. Entre eles, estão os perfis de Carla Zambelli, Nikolas Ferreira e dos irmãos Carlos e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente.
No domingo, durante participação no canal Pilhado, no YouTube, Bolsonaro afirmou que não precisa de “fake news” para criticar o partido adversário, apenas “falar a verdade”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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