Trocar de partido é só trocar de problema, diz Janaina sobre Bolsonaro e PSL
A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), eleita com mais de 2 milhões de votos no ano passado, afirmou nesta quarta (9) que trocar de partido é apenas trocar de problema. Em nota enviada à reportagem, a deputada comentou a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro deixar o PSL.
“Penso que trocar de partido só implica trocar de problema. Sair é um direito dele. Mas, em pouco tempo, ele estará infeliz no próximo. Não é uma praga, é só uma constatação”, afirmou a deputada. Recordista de votos na disputa eleitoral, Janaina defende candidaturas independentes e não se envolve em questões partidárias.
Ela já criticou posições do PSL e teve atritos com seus colegas de bancada. Em maio, por exemplo, sinalizou que sairia do partido após desentendimento com outros deputados da sigla num grupo de WhatsApp, mas voltou atrás. Na ocasião, ela se colocava contra a convocação de manifestação de apoio a Bolsonaro.
Para o partido, no entanto, é um importante ativo. Por causa de sua votação expressiva, o PSL conquistou a maior bancada da Assembleia Legislativa de São Paulo, com 15 deputados.
“Ficar, ou não, em um partido é uma decisão muito pessoal. Como defensora das candidaturas independentes de partidos, eu compreendo o desconforto do presidente. Por outro lado, pondero que o presidente vem, já há um bom tempo, trocando de partidos sucessivamente”, afirma Janaina.
Desde que entrou na política após passar para a reserva remunerada do Exército, em 1989, Jair Bolsonaro foi filiado a cinco partidos diferentes.
Oficialmente, nos registros da Justiça Eleitoral, ele passou por oito agremiações, mas três delas eram fusões ou novas denominações de outros partidos -PDC, PPR e PPB, oriundos ou que deram origem ao partido hoje conhecido como PP.
O presidente integrou o PP (Partido Progressista), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o PFL (Partido da Frente Liberal), o PSC (Partido Social Cristão) e, desde 2018, o PSL (Partido Social Liberal). Ele também chegou a ser anunciado como filiado ao PEN-Patriota, em janeiro de 2018, mas desistiu e se filiou ao PSL, no qual se elegeu presidente da República.
Questionada sobre a possibilidade de seguir Bolsonaro e deixar o PSL, como alguns deputados federais da sigla já indicaram que pretendem fazer, Janaina disse que “não tem essa hipótese”.
“A gente não pode”, respondeu a deputada, lembrando que é necessária uma janela partidária para que os deputados troquem de sigla e mantenham o mandato. “Tem uma discussão jurídica. Pode até entrar com processo, vai ser uma dor de cabeça horrenda.”
A deputada enfatizou sua preferência pelas candidaturas independentes de partidos. “A minha esperança é a gente conseguir aprovar as candidaturas avulsas. Não por mim, mas pelo país. A gente se livra de partido.”
A deputada disse ainda que “partido não presta, nenhum presta”.
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