Violência às escolas e de suicídio entre crianças e adolescentes foi tema de debate na Ales
A Comissão de Saúde debateu, em reunião extraordinária realizada nesta terça-feira (20), sobre os casos de violência às escolas e a saúde mental de crianças e adolescentes. O colegiado recebeu a psiquiatra Julia Carminati, a psicóloga Myrtes Soares; a promotora de Justiça Juliana Ortega; a assistente social Larysse Mareto; a enfermeira Ludimila Pinheiro; o professor André Luiz Ferreira; e o subsecretário estadual de Atenção à Saúde, Tadeu Marino, para tratar do tema.
Entre os assuntos destacados pela psiquiatra Julia Carminati está a influência do ambiente familiar e comunitário no neurodesenvolvimento das pessoas. Ela disse que as crianças que convivem com alguém muito adoecido mentalmente crescem com “marcas indeléveis” e que dois terços de todos os problemas mentais começam antes dos 24 anos de idade, sendo muitos casos antes dos 10 anos.
Ambiente virtual
Ela também falou sobre a influência do ambiente virtual na saúde mental de crianças e adolescentes. “A desconexão com o real desconecta, inclusive, com o autocuidado”, disse. “É papel do adulto ter um olhar atento, cuidado, interesse em saber por onde esse adolescentes estão perpassando as pesquisas, trocas e conversas”, declarou.
O fácil acesso a imagens violentas também gera mais violência, segundo a psiquiatra. “Quanto mais eu tenho contato com a violência, mais eu me dessensibilizo”, frisou.
Bullying
Os impactos do bullying na saúde mental dos estudantes também foram abordados pelos convidados. A psicóloga Myrtes Soares apresentou dados apontando que 23% dos estudantes brasileiros de 13 a 17 anos já sofreram bullying e o principal motivo foi a aparência do rosto, corpo, cor ou raça da pessoa.
A enfermeira Ludimila Pinheiro relatou o caso de sua filha que, devido ao bullying sofrido, desenvolveu transtorno de imagem, ansiedade, depressão, pânico e precisou de uma internação por tentativa de suicídio.
O bullying também é um dos motivos que levam aos ataques às escolas. Estudo da Unicamp citado pela promotora Juliana Ortega mostra que a maior parte dos ataques é cometida por jovens entre 10 e 25 anos, do sexo masculino, brancos, com gosto exagerado por violência e armas, misoginia, isolamento social, com sinais de transtorno psiquiátrico e vítimas de bullying.
Cultura da violência
A cultura de violência também foi um dos tópicos levantados pelos debatedores. A promotora Juliana Ortega falou sobre os grupos extremistas na internet, que podem ser considerados como “câmeras de eco”, lugares que potencializam e apoiam os discursos violentos. Ela também ressaltou que, no ambiente virtual, as pessoas adotam uma “personalidade eletrônica”, em que são mais agressivas.
O subsecretário Tadeu Marino salientou que, nos últimos anos, pessoas com mandato político também vêm fazendo apologia à violência e ao armamento da população, o que acaba influenciando os jovens.
A reunião foi conduzida pelo presidente da Comissão de Saúde, deputado Dr. Bruno Resende (União): “Nós estamos vendo um aumento substancial da violência em um ambiente que deveria ser um maná de tranquilidade”, destacou.
Para Dr. Bruno, faltam políticas públicas de prevenção, “que cuidem das crianças lá na base”. O parlamentar falou, ainda, sobre o grupo de trabalho formado na Assembleia para debater o tema com o objetivo de elaborar um documento a ser enviado ao Executivo para integrar as políticas estaduais de contenção da violência. “Reafirmo nosso compromisso de transformar todo esse diálogo em ações”, afirmou.
Fonte: Ales
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