Violência contra a juventude é tema central dos discursos desta quarta-feira (20) na Ales
Na Semana Estadual de Combate ao Extermínio de Jovens, a deputada Camila Valadão (Psol) chama atenção para uma estatística preocupante. “A cada 23 minutos um jovem é vítima de homicídio, um jovem é morto no nosso país”, afirmou a parlamentar durante seu pronunciamento na sessão ordinária desta quarta-feira (20). “O Brasil segue reproduzindo altos índices de homicídios e letalidade de jovens”, lamentou.
“Dentre esses, 83% dos mortos são jovens negros. O que demonstra a necessidade da gente transversalizar o debate racial, da gente incorporar esse tema como um tema fundamental do ponto de vista da formulação das políticas públicas”, opinou.
A realidade também preocupa o presidente da Comissão de Segurança, deputado Delegado Danilo Bahiense (PL). “A situação dos nossos adolescentes realmente é preocupante. Nós temos lutado muito, porque esses jovens estão sendo cooptados pelo tráfico de entorpecentes e acabam sendo assassinados muito novos. No ano de 2022, nós tivemos 74 homicídios de adolescentes e, no ano de 2023, de janeiro a julho, foram 43 assassinatos”, informou Bahiense.
Oportunidades
A geração de oportunidades para os jovens é, para Camila, um fator preponderante para mudar a realidade atual. “Muitos falam que a juventude é o futuro, nós defendemos que a juventude precisa ser o presente”, ponderou.
“Nós queremos os jovens como protagonistas das suas vidas, reivindicando aquilo que é necessário pra que eles possam se desenvolver com qualidade de vida, pra que possam chegar à vida adulta de maneira adequada, tendo acesso ao mercado de trabalho, com condições dignas de vida, ou ainda acessar diferentes níveis da educação”, argumentou a parlamentar.
População indígena e LGBTQIAPN+
A vulnerabilidade das minorias também foi citada no discurso da deputada. “Os dados demonstram também que, entre os jovens do nosso país, principalmente a juventude LGBTQIAPN+ e a juventude indígena, sofre de extrema vulnerabilidade. O que demonstra também a necessidade da gente trazer esses jovens como sujeitos e protagonistas das suas vidas”, avaliou.
No início de seu mandato, ela visitou comunidades indígenas do Espírito Santo e se reuniu com os jovens. “Tem gente que pensa que lá não tem jovem. Tem muitos jovens, que sabem o que querem e sabem quais são as demandas do ponto de vista do poder público”, salientou.
“Portanto, a gente pauta aqui, nesta Casa, que as políticas de juventude precisam ser cada vez mais transversais. Afinal, os jovens estão no mercado de trabalho, muitas vezes informal, precarizado, na busca por um ensino de qualidade”, completou.
Propostas
A criação de um observatório da juventude é tema de indicação parlamentar ao governo. “Nossa indicação é para que o Estado tenha de forma permanente um observatório que acompanhe as condições concretas da juventude, que acompanhe o perfil da juventude considerando os aspectos regionais do estado e, assim, possa subsidiar a construção de políticas públicas com eficiência. Isso só é possível conhecendo o perfil populacional”, disse.
Ela também citou uma indicação de sua autoria para a criação de uma universidade estadual pública no Espírito Santo. “Essa é uma pauta antiga da juventude capixaba. Pauta essa que aparece desde a primeira Conferência Estadual de Políticas Públicas para a Juventude. O Espírito Santo é um dos poucos estados do país que não tem uma universidade estadual”, afirmou.
“Manter apenas no nosso território uma única universidade federal e drenar recursos públicos para a iniciativa privada, a partir da política de bolsas, é privar vários estudantes, principalmente das cidades do interior, a ter acesso a um ensino digno, que articule pesquisa, ensino e extensão. Por isso nós replicamos aqui essa que é uma demanda que é colocada na pauta da juventude capixaba há mais de 15 anos”, complementou Valadão.
Vice-líder do governo na Casa, o deputado Tyago Hoffmann (PSB) lembrou à deputada que o Estado conta com uma universidade estadual pública no modelo de Ensino à Distância (EAD). “No ano passado nós criamos a universidade estadual. (…) Ela já funciona com cursos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, todos gratuitos. (…) Em parceria com a Ufes e com o Ifes, espalhados pelos diversos polos de EAD, municípios afora”, frisou.
Hoffmann, porém, reconheceu que o Estado pode avançar e investir também no ensino presencial. “Obviamente nós podemos evoluir no tempo, para que tenhamos uma universidade física, mas o Espírito Santo hoje já conta com uma universidade pública, a nossa Unac (Universidade Aberta Capixaba)”, concluiu.
Violência contra as mulheres
Já a deputada Janete de Sá (PSB) apresentou dados da violência contra as mulheres no estado. De janeiro até o dia 19 de setembro de 2023 foram 26 feminicídios e 61 homicídios no Estado. “Os índices de violência contra as mulheres não estão reduzindo. (…) E, pasmem, só no mês de setembro, nós já tivemos 9 homicídios, alguns ainda estão sendo caracterizados como feminicídio”, apontou a parlamentar.
Janete solicitou que a Secretaria de Estado de Segurança (Sesp) e o Poder Judiciário intensifiquem o trabalho para coibir e punir esse tipo de crime. “A Justiça não tem tomado medidas, ou tem tomado medidas frouxas, na direção de estar coibindo esses abusos, de estar buscando fazer justiça ou prendendo, ou até mesmo ingressando com processo judicial pra que essas pessoas sejam penalizadas. Esses agressores, em geral, são homens que agridem as mulheres”, finalizou.
Fonte: Ales
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