Uso de inteligência artificial nas eleições em pauta

Uso de inteligência artificial nas eleições em pauta

Assunto foi um dos pontos abordados na palestra do ciclo promovido pela Ales para orientar cidadãos e pretensos candidatos sobre as atualizações nas regras eleitorais

Com o Plenário Dirceu Cardoso cheio, a Assembleia Legislativa (Ales) recebeu, nesta quinta-feira (14), o circuito de palestras “Conheça a Nova Legislação Eleitoral”. Quem explicou o novo regramento foi o advogado especialista em direito eleitoral Marcelo Nunes. Um dos pontos que devem ter atenção no pleito desse ano, o uso da inteligência artificial, foi abordado na palestra, assim como alterações de regras na fase de pré-campanha e cálculos para a distribuição das vagas a serem preenchidas nos Legislativos na fase final da “sobra eleitoral”.

Fotos da palestra

Na abertura do evento, o presidente da Ales e idealizador do projeto, deputado Marcelo Santos (Podemos), destacou que a iniciativa não é voltada apenas aos candidatos. “O objetivo não foi só meramente para aqueles que vão colocar o nome à disposição, mas sim para os cidadãos que não conseguem entender como é a fórmula da eleição para alcançar, por exemplo, o resultado da composição de uma Câmara. (…) Conhecendo a legislação eleitoral, naturalmente, vão poder cobrar melhor o funcionamento do processo eleitoral para votar mais e melhor”, ressaltou.

Com a presença da classe política e cidadãos, a palestra foi mais uma da série que já passou por IbatibaAnchieta, Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Santa TeresaNova Venécia e Conceição da Barra. As diretorias de Relações Institucionais e da Casa dos Municípios e de Políticas e Ações Inclusivas da Ales são as responsáveis pela organização das atividades.

Inteligência artificial

O advogado Marcelo Nunes explicou que a inteligência artificial pode ser usada tanto na pré-campanha quanto na campanha, mas que é preciso deixar claro para o eleitor que o recurso está sendo usado. O advogado alertou ainda que a inteligência artificial não pode ser usada para atacar concorrentes.

“A inteligência artificial pode ser usada de forma benéfica, para produzir vídeos a favor do candidato, sem atacar os adversários ou produzir fake news”, esclareceu.

O uso de deepfakes, no entanto, é vedado. Deepfake consiste no uso da inteligência artificial para fundir, combinar, substituir ou sobrepor áudios e imagens para criar arquivos falsos nos quais pessoas podem ser colocadas em qualquer situação não real.

Sobras eleitorais

Marcelo Nunes também esclareceu sobre a regra 80/20, uma alteração em relação à eleição municipal anterior. Agora, os partidos precisam fazer 80% dos votos do quociente eleitoral e o candidato, 20% desse quantitativo para disputar as “sobras eleitorais”. De acordo com Nunes, o objetivo da reforma foi beneficiar os partidos maiores e os candidatos com mais votos.

“A distribuição das vagas ficou centralizada, principalmente nos municípios menores, nos candidatos que obtiveram 20% do quociente eleitoral e que o partido atingiu, no mínimo, 80% desse quociente. Como no interior nós temos muitos candidatos que atingem os 20%, mais do que o número de vagas, a tendência é que esses candidatos briguem por essas vagas.” Ele esclareceu que isso dificulta o acesso aos candidatos que têm uma votação menos expressiva.

O advogado ressaltou que em cidades maiores, como Vitória, a realidade é um pouco diferente: “As vagas são mais pulverizadas aqui. Então, nós temos poucos candidatos que atingem esses 20% do quociente eleitoral. Na prática, vão sobrar mais vagas para serem distribuídas entre os candidatos com menos de 20% do quociente eleitoral, ampliando assim a base da distribuição.”

Pré-campanha

Até 16 de agosto acontece o período de pré-campanha. Marcelo Nunes explicou que nessa fase os pré-candidatos poderão começar sua divulgação usando, por exemplo, adesivos de carro; bandeiras; slogans e jingles; redes sociais com impulsionamento e mensagem por aplicativos e e-mail.

Apesar das possibilidades de ações nessa fase nas eleições, nem tudo é permitido e uma série de cuidados precisa ser observada. No caso de adesivos e bandeiras, é preciso obedecer ao limite de meio metro quadrado. Os pré-candidatos precisam ainda estar atentos a vedações como o efeito outdoor, ou seja, a justaposição de bandeiras ou adesivos ultrapassando o total de meio metro quadrado.

Outras proibições na pré-campanha são o envelopamento de carros, distribuição de qualquer brinde e o pedido expresso de votos. O impulsionamento nas redes de propaganda negativa (falando mal de algum concorrente, com discurso de ódio ou questionando a segurança das urnas) também não é permitido.

E as regras não valem só para os pré-candidatos. O eleitor também precisa obedecer aos limites legais. É vedado pedir votos para um amigo na fase de pré-campanha sob pena de multa, por exemplo. Vale lembrar que tudo o que não é permitido na campanha é também vedado na pré-campanha.

Próximas palestras

Na sexta-feira (15), Colatina vai sediar o circuito. Será às 9 horas, no auditório do Serviço Colatinense de Saneamento Ambiental (Sanear). Já no dia 21, a reunião acontece em Linhares, às 8h30, na Câmara Municipal.