Eleição em Cachoeiro: Cinco cotados e previsão de disputa acirrada
O cenário político para as eleições em Cachoeiro de Itapemirim começa a se desenhar. E, pelos sinais, a expectativa é de que seja uma eleição bastante concorrida, tendo em vista o peso dos pré-candidatos que já estão se movimentando pelo município.
Até o momento, cinco nomes são cotados para a disputa. Alguns já lançaram a pré-candidatura oficialmente, outros anunciaram em redes sociais e há quem ainda esteja aguardando, embora todo o mercado político já saiba que irá disputar.
Com um colégio eleitoral de 134.300 votantes – segundo dados do TRE-ES –, o município é o maior do Sul do Estado e concentra um eleitorado que, nas últimas eleições, tem se mostrado bastante conservador e mais alinhado à direita.
No 1º turno das eleições gerais de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve 63,78% dos votos do município, contra 29,54% de Lula (PT). Para o governo do Estado, Manato (PL) recebeu 57,32% dos votos contra 37,59% dos que escolheram o reeleito Renato Casagrande (PSB). No 2º turno não houve mudanças: Bolsonaro teve 69,4% dos votos, enquanto Lula, 30,6%; Manato foi a escolha de 58,1% dos eleitores e Casagrande, de 41,9%.
Um cenário preocupante para o atual prefeito de Cachoeiro, Victor Coelho (PSB), que está em seu segundo mandato consecutivo e não pode disputar a reeleição. Ele vai lançar um nome à sucessão.
Supersecretária pode ser a escolha de Coelho
Desde agosto do ano passado, porém, ela também acumula a função de secretária interina de Obras, o que lhe dá bastante visibilidade no município. Lorena é filiada ao PSB.
Embora todas as articulações apontem que a advogada é a escolhida para suceder Coelho, o prefeito ainda não anunciou publicamente que irá apoiá-la para a disputa. O mistério, porém, deve ser descoberto até o dia 6 de junho, quando termina o prazo de desincompatibilização para os secretários municipais que querem disputar a prefeitura.
O Palácio Anchieta vai apoiar, ainda que indiretamente, o nome escolhido por Coelho para sua sucessão. O prefeito é aliado de primeira hora de Casagrande e o apoio seria um importante reforço para uma campanha que promete ser dura. No município, Coelho tem o apoio do PSB, do PDT e do PSDB.
Raposa política está de volta
Na última quinta-feira (16), o deputado estadual Theodorico Ferraço (PP), no auge dos seus 86 anos, publicou, em suas redes sociais, uma carta endereçada ao eleitorado cachoeirense afirmando que é pré-candidato a prefeito.
“Em resposta aos pedidos e mensagens generosas, aos meus irmãos de Cachoeiro, declaro publicamente com muita humildade e responsabilidade, que aceito ser pré-candidato a prefeito nas próximas convenções partidárias e eleição, nesse ano de 2024”, escreveu.
Theodorico já foi prefeito de Cachoeiro por quatro vezes, sendo que seu último mandato terminou em 2004. Após, emendou sete mandatos (sendo cinco consecutivos) na Assembleia, onde foi por três vezes presidente.
O deputado afirmou que conta com o apoio do seu próprio partido (PP) – o que foi confirmado pela coluna com a cúpula do Progressista – e também do MDB e do Novo. O MDB é comandado, no Estado, pelo filho de Theodorico, o vice-governador Ricardo Ferraço, e o Novo, nos bastidores, já estaria cogitando indicar o nome de vice para formar a chapa.
O anúncio pegou boa parte do mercado político de surpresa. Não que fosse esperado que a família Ferraço ficasse fora do jogo político, mas muitos apostavam que Ferração fosse lançar a esposa – a ex-deputada federal Norma Ayub – ou algum aliado, como fez em 2020, ao apoiar Diego Libardi – que, na época, estava no DEM.
Na carta, Theodorico diz que pretende estar em união com o governo do Estado: “…estaremos unidos com o governo estadual e federal…”, o que leva a crer que a pré-candidatura de Theodorico possa ser uma estratégia do Palácio Anchieta para enfraquecer a oposição na eleição da Capital Secreta.
Disputando ou não, Theodorico poderá negociar seu capital político que, numa eleição acirrada em que cada voto conta, tende a fazer diferença.
Vereador lança pré-candidatura
Enquanto Theodorico colhia a repercussão de seu anúncio nas redes sociais, o vereador Léo Camargo (PL) recebia os convidados num cerimonial para o lançamento de sua pré-candidatura a prefeito de Cachoeiro.
Representando a extrema-direita e o bolsonarismo, Léo contou com o apoio do deputado federal Gilvan da Federal (PL) e dos estaduais Callegari (PL) e Lucas Polese (PL) no evento. O senador e presidente do partido, Magno Malta, fez um discurso por chamada de vídeo e o deputado federal por Minas Nikolas Ferreira (PL) também enviou um cumprimento ao vereador.
O lançamento de Léo vem após a saída do vereador Júnior Corrêa do PL, que era a grande aposta do partido para a disputa à prefeitura. Nos bastidores, o vereador teria se desentendido com Magno Malta, chegou a anunciar que deixaria a vida pública para se tornar padre, e em abril resolveu trocar de legenda e se filiou ao Novo.
Um dos motivos da desavença, segundo lideranças de Cachoeiro ouvidas pela coluna, seria a discordância de Corrêa em lançar uma pré-candidatura isolada, sem poder compor com outros partidos para se tornar competitivo na disputa. Em muitos municípios, o PL vai lançar chapa puro-sangue.
Segundo colocado em 2020 entra na corrida
O também advogado Diego Libardi (Republicanos) anunciou sua pré-candidatura a prefeito de Cachoeiro na semana passada. Libardi também disputou em 2020 e ficou em segundo lugar, com 17,74% dos votos – perdendo para Coelho, que obteve 53,25%.
Até abril deste ano, o advogado estava à frente da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos de Vitória, como cota partidária do Republicanos na gestão do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). Ele deixou o posto justamente para se dedicar à sua pré-candidatura.
Libardi faz parte de um grupo político que conta com os deputados Bruno Resende (União Brasil) e Allan Ferreira (Podemos). Os três tinham definido que, do grupo, sairia uma candidatura e que os outros iriam apoiá-la.
O apoio de Allan, porém, não significa um apoio do Podemos. O partido, que faz parte da base aliada do Palácio Anchieta, deve apoiar a candidatura de aliados do governador em Cachoeiro. Com Libardi, além do Republicanos, estariam o União, o Agir, o PSD e o PRD.
Outro dado interessante é que em 2020, Libardi contou com o apoio de Theodorico Ferraço para a disputa, mas em 2022, por conta da eleição para deputado federal, os dois se afastaram e romperam, porque Libardi e Norma disputaram o mesmo eleitorado. Libardi hoje é oposição ao grupo de Ferraço e ao prefeito.
Ex-prefeito quer retomar cadeira
O subsecretário estadual de Trabalho, Emprego e Geração de Renda, Carlos Casteglione (PT), também é pré-candidato a prefeito de Cachoeiro. Ele foi prefeito do município por dois mandatos (2009-2016) e agora quer voltar.
No mês passado, Casteglione esteve em Brasília para apresentar sua pré-candidatura a prefeito à cúpula do partido. O PT tem como prioridade lançar candidaturas próprias nas capitais e nas cidades com mais de 100 mil habitantes e Casteglione representaria uma candidatura de esquerda no município.
Os petistas contam com uma eventual transferência de votos do presidente Lula para a empreitada. Desde 2022, o PT está federado com o PV e o PCdoB, mas além do trio, não há sinais, por ora, de aliança com outros partidos em torno de Casteglione.
O PT faz parte da base aliada do governador Renato Casagrande e, num eventual segundo turno contra a oposição em Cachoeiro, também poderia contar com o apoio do Palácio Anchieta.
Fonte: Folha Vitoria
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