Especialista alerta para novas drogas sintéticas
Na Comissão de Política sobre Drogas, o psiquiatra Valdir Campos destacou impactos do uso dessas substâncias na saúde pública
Em 26 de junho celebra-se o Dia Internacional de Combate às Drogas e o assunto pautou os debates no colegiado temático permanente da Assembleia Legislativa (Ales) nesta segunda-feira (24). Na reunião, o psiquiatra e professor da Ufes Valdir Ribeiro Campos fez um alerta sobre novas substâncias psicoativas produzidas em laboratório.
O psiquiatra apresentou uma relação com oito entorpecentes desse tipo que vêm ganhando adeptos nos últimos dez anos: Krokodil, maconha sintética, Special-K, DOB, Pó de Anjo, Flakka, Miau Miau e NBOMe. Segundo disse, de 2001 a 2021 sugiram pelo menos 1.124 novas drogas sintéticas, que têm o objetivo de simular o efeito da maconha, cocaína e dos opioides.
Especialista com 20 anos de experiência em dependência química, ele afirmou existir uma relação entre o uso de drogas e doenças mentais, condição que dificulta o tratamento. “Boa parte das pessoas que têm transtorno mental acaba se envolvendo com o uso de drogas. E o contrário também é verdadeiro”, explicou o médico.
O convidado também falou sobre os danos causados pelas drogas lícitas, como álcool e o tabaco, geralmente usados simultaneamente com substâncias proibidas. “Vão tornar muito intensos os graves problemas que nós já temos na saúde pública”, analisou. “Quanto mais drogas, mais as pessoas vão usar drogas. Mais pessoas usando drogas, maiores as consequências.”
De acordo com o psiquiatra, reflexos poderão ser sentidos com aumento dos quadros de overdose, desencadeamento de doenças mentais e crescimento de doenças infectocontagiosas, como HIV e hepatite, além de suicídios. O convidado revelou que quanto mais potente a substância, maior o poder de dependência.
O especialista também falou sobre o “devastador” poder de destruição causado pelo crack, já conhecido entre os brasileiros, e a chegada do fentanil, ao território nacional, cuja primeira apreensão foi feita no Espírito Santo em fevereiro do ano passado, e das drogas K (maconha sintética) vendidas em dosagens cada vez mais fortes.
De acordo com Valdir Campos, é necessário investir em prevenção e educação das crianças para evitar essa escalada no uso de entorpecentes. Ele contou que jovens de 12 anos de idade acabam entrando para esse mundo ao terem o primeiro contato com álcool ou tabaco e posteriormente mudam para a maconha e cocaína. Isso tudo acontece ainda na adolescência.
A secretária-geral adjunta da OAB-ES, Silvia Maria Lameira Hansen, cobrou mais debate em torno da aceitação de drogas legalmente autorizadas e de fácil acesso, como o álcool. “Não podemos esquecer que esse é um problema que atinge toda a sociedade. (…) Muitas vezes ele inicia em uma idade muito tenra”, observou ao lembrar da importância de abordar o assunto em escolas.
Ao fim da reunião os membros da Comissão Especial de Estudo sobre Orientação e Prevenção de Drogas da OAB-ES receberam do deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), que presidiu a reunião, certificados como reconhecimento acerca do trabalho realizado. O palestrante Valdir Campos recebeu uma placa.
Homenageados com certificado
- Augusto Kennedy Valente Alves
- Bianca Binda
- Candida De Nadai Ton
- Dalva Kohler Ferreira
- Daniely dos Santos Ribeiro
- Josiane Vilela Baptista da Costa
- Katharine Rodrigues Lisboa
- Marcelle Altoé Duarte
- Riziani Costa
- Silvério Valfré Filho
- Silvia Maria Lameira Hansen
- Zacarias Fenandes Moca Neto
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