O que o caso do “Aquaman do Crime” tem a nos ensinar?
Matéria jornalística publicada nesta semana jogou luz sobre a absolvição de dois supostos integrantes da organização criminosa PCC. Conforme divulgado, Patric Velinton Salomão, vulgo Forjado, e Wagner Rodrigues dos Santos, vulgo Branquinho, foram absolvidos da acusação de ocultar a movimentação de R$ 1 bilhão da facção criminosa. Outros 18 réus continuam respondendo o processo criminal que tramita no Estado de São Paulo.
Segundo a denúncia, Patric, mesmo estando preso, seria responsável por realizar inúmeras remessas de dinheiro para a organização criminosa. A sentença que absolveu o réu considerou não haver provas suficientes para sua condenação.
Independentemente do resultado do processo, dois pontos chamam a atenção. O primeiro, o volume de recursos financeiros movimentado pela organização criminosa. O segundo, o fato de, mesmo preso, um indivíduo permanecer movimentando dinheiro para uma quadrilha.
Infelizmente, boa parte das investigações policiais que esbarram nas grandes organizações criminosas têm, reiteradamente, demonstrado que as atividades criminosas são extremamente lucrativas e que alguns integrantes dessas quadrilhas continuam, mesmo depois de presos, atuando com grande protagonismo no mundo do crime.
Aqui no Espírito Santo, recentemente presenciamos a apreensão de quase uma tonelada de cocaína que, ao que tudo indica, também pertencia ao PCC. O trabalho contou com a atuação de diversas agências (GAECO-Ministério Público, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar) e culminou com prisões e identificação e apreensão de bens de luxo, entre os quais veículos e embarcações.
As investigações realizadas pela Polícia Federal capixaba apontaram que a organização criminosa pretendia esconder toda a droga em cascos de navios que viajariam rumo à Europa. O esquema contava com um mergulhador espanhol que foi identificado pela PF e preso pela Polícia Civil em Santos/SP. De tão inusitado, o caso foi objeto de matéria jornalística divulgada pelo Fantástico, que batizou o espanhol preso de “Aquaman do crime”.
Muitas lições podem ser tiradas desses fatos. Não há mais qualquer tipo de dúvida de que as grandes organizações criminosas possuem estruturas semelhantes às das grandes empresas, com atuações em inúmeros países e com disponibilidade de farta e especializada mão de obra. A realização de prisões, portanto, causa pequeno ou nenhum abalo às quadrilhas. Ademais, como se viu, depois de presos vários integrantes permanecem realizando atividade ilícitas.
O volume de recursos movimentado é assombroso, mas, como tudo na vida, não é infinito. Por isso, a melhor estratégia para combater com eficiência as grandes organizações criminosas é identificar e retirar seu patrimônio. Essa estratégia só pode ser bem executada se realizada com grande coordenação e união de esforços de várias instituições.
O crime não respeita fronteiras, para combatê-lo com eficiência, portanto, precisamos lançar mão de muita cooperação e estratégias que já foram testadas e que são reconhecidamente bem-sucedidas no Brasil e em outros países. Aqui no Espírito Santo o trabalho da Força-Tarefa de Segurança Pública, que conta com a presença da PF, da PRF e das Guardas Civis de Vitória, Vila Velha e Serra tem cumprido bem esse papel. Nem mesmo o “Aquaman” se viu livre dessa cooperação!
Texto Eugênio Ricas
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