“Rigoni e eu temos um futuro brilhante pela frente”, diz Erick Musso

“Rigoni e eu temos um futuro brilhante pela frente”, diz Erick Musso

Ao explicar suas motivações para concorrer ao governo do Estado, o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), declarou o seguinte, na primeira parte da entrevista concedida à coluna: “Fui motivado pelas pessoas a colocar o meu nome à disposição da sociedade capixaba, entendendo que chega ao fim um ciclo de duas para três décadas”.

O discurso é muito parecido com o de outro postulante ao cargo de governador: o deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil) também entrou nessa disputa anunciando o fim do ciclo de vinte anos de alternância no poder entre Renato Casagrande e Paulo Hartung no Espírito Santo. Mas não é só na retórica que Erick e Rigoni estão hoje muito próximos.

Segundo o pré-candidato do Republicanos, ele e Rigoni têm uma conversa evoluída no sentido de formarem uma aliança eleitoral, talvez já no 1º turno. “Podemos [formar uma aliança no 1º turno]. E também podemos ir os dois no 1º turno e formar uma aliança de 2º turno”.

Na segunda parte de nossa entrevista, que você pode conferir abaixo, Erick chega a vislumbrar que ele e Rigoni têm “um futuro brilhante pela frente”.

“A conversa com Rigoni está muito boa! Rigoni é uma figura que tem uma história de vida de superação, está num grande partido, é um jovem, tem boas ideias. E eu acho que a gente tem um futuro brilhante pela frente.”

Para se ter uma ideia do grau de entrosamento dos dois pré-candidatos no momento, Erick chegou a ligar para Rigoni, na semana passada, para parabenizar o deputado pela inserção partidária do União Brasil estrelada por ele.

Erick também faz uma ampla exposição da sua política de alianças. Rechaça inteiramente que possa mudar os planos e vir a ser candidato a deputado federal: “Nenhuma chance. Zero”. Diz que não é “o candidato de Paulo Hartung”. E analisa detidamente as possibilidades (ou não) de união de forças com outros concorrentes ao cargo hoje ocupado por Casagrande, como Guerino Zanon (PSD), Audifax Barcelos (Rede) e Carlos Manato (PL), e com outras siglas, como o PSDB.

O presidente da Assembleia também confirma que ele e Eugênio Ricas tinham um acordo eleitoral pré-estabelecido, até o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo desistir de se filiar ao PSD e de se candidatar ao governo, na segunda quinzena de março: se Ricas realmente disputasse o Palácio Anchieta, os dois já tinham apalavrado que fariam uma dobradinha e dividiriam a mesma chapa. Quem estivesse melhor nas pesquisas de intenção de votos ficaria na cabeça, enquanto o outro seria candidato a vice-governador.

“Sim. Com Eugênio havia isso. Tínhamos esse diálogo de que quem estivesse melhor seria o candidato, tendo o outro como vice.”

Confira abaixo a segunda parte completa da entrevista de Erick Musso. Boa leitura!

O ex-governador Paulo Hartung foi um incentivador da sua pré-candidatura?

Não. O Paulo é uma figura respeitada. É um líder que fez muito pelo Espírito Santo. Confesso que já faz algum tempo que não converso com ele. Mas, lá no início, eu tive algumas poucas conversas. Eu acredito que ele tenha incentivado muito mais outras candidaturas do que a minha propriamente dita.

Quem?

Guerino, Audifax… Acho que ele dialogou com todos. Mas eu não sou candidato de Paulo Hartung. Não sou candidato de A, de B ou de C. Quero ser um candidato dos capixabas. Respeito a figura do ex-governador Paulo Hartung, respeito a figura do atual governador Renato Casagrande, mas acredito que podemos construir um novo tempo, com ideias novas, com dinamismo, para ajudarmos o Espírito Santo.

O senhor já afirmou que não há a menor chance de uma composição com Renato Casagrande. Mas e quanto aos outros pré-candidatos mais situados no campo de centro-direita, como o Guerino e talvez Audifax, apesar de ele estar com o Psol. O senhor conversa com eles?

Faz muito tempo que não converso com eles. Deve ter de dois a três meses. Mas tenho boa relação com todos: com Audifax, com Guerino, com Rigoni, com Aridelmo… Hoje, aquele com quem converso mais próximo é o Rigoni.

Vocês dois têm dialogado?

Nós temos dialogado. Dialogamos no período das filiações. Trocamos ideias, trocamos sugestões. Enfim, esse é o que estamos com maior proximidade e diálogo no momento.

Até meados de março, Guerino tinha uma disputa interna no PSD com Eugênio Ricas. Quando Ricas ainda era pré-candidato, ele estava conversando muito com o senhor, inclusive numa perspectiva de possível dobradinha para formação da chapa majoritária lá na frente. O senhor confirma isso?

Sim. Com Eugênio havia isso. Tínhamos esse diálogo de que quem estivesse melhor seria o candidato, tendo o outro como vice. Com Eugênio tenho uma ótima relação.

Então o pré-acordo informal de vocês era esse, de compor uma chapa juntos, dando prioridade na cabeça para quem estivesse melhor nas pesquisas?

Tínhamos. Tínhamos um diálogo com Eugênio nesse sentido. Com Eugênio, sim.

Bem avançado?

Bem avançado.

E aí a candidatura dele não vingou e ficou Guerino. O senhor vê possibilidade de composição com o ex-prefeito de Linhares?

Aí, assim, esse diálogo que eu tinha com Eugênio não tive mais com nenhum candidato. Então, eu vejo portas abertas de composição com todos. Quem quiser nos apoiar, estaremos de portas abertas.

“Todos” quem?

Com Guerino, com Rigoni… O Audifax eu acho que entrou numa linha de campo esquerda que ficará difícil essa fusão.

Difícil o senhor convencer seus potenciais eleitores de que estará ao lado de um candidato que tem o Psol na chapa?

Difícil. Embora eu o respeite e tenha carinho e admiração por ele. Mas quero deixar as portas abertas a quem tiver ideias e quiser aglutinar ao nosso movimento para que a gente possa ganhar o governo do Estado.

E como está a conversa com Rigoni, com quem o senhor disse estar hoje mais próximo?

Muito boa! Rigoni é uma figura que tem uma história de vida de superação, está num grande partido, é um jovem, tem boas ideias. E eu acho que a gente tem um futuro brilhante pela frente.

Com ele, o senhor diria que a conversa hoje está mais evoluída?

Sim.

Inclusive na perspectiva de uma futura aliança?

Tem. Tem uma conversa mais evoluída.

E como seria o formato?

Aí o futuro a Deus pertence. Vamos avaliar em julho e agosto como é que vai ficar isso.

Pode ser parecido com aquele que poderia ter ocorrido com Eugênio?

Não temos nenhuma conversa nesse sentido. De forma pragmática, não temos. Eu tinha essa conversa com Eugênio. Não tive com nenhum outro depois dele.

Mas com Rigoni a conversa é “podemos formar uma aliança”?

Podemos formar uma aliança.

De primeiro turno?

Podemos. E também podemos ir os dois no primeiro turno e formar uma aliança de segundo turno.

Existe a possibilidade de a cúpula nacional do PL retirar a candidatura de Manato para apoiar o senhor, numa aliança costurada por cima, em Brasília, entre partidos da base de Bolsonaro?

A mim nunca chegou essa conversa. Eu nunca tive nenhuma conversa com nenhum dirigente partidário do PL, nem estadual nem nacional, embora tenha respeito e carinho pelo Magno [Malta], pelo Manato. Isso é uma decisão interna deles. Eu continuo no mesmo ponto em que sempre estive: respeitando a pré-candidatura do ex-deputado federal Carlos Manato.

O senhor sabe se de fato pode haver conversas em curso nesse sentido?

Aí é com o PL. Eu não tenho como responder por outro partido.

Alguma chance de o senhor vir a deputado federal?

Nenhuma.

Zero?

Zero.

Independentemente de acordos, arranjos, composições eleitorais?

Zero. Não sou candidato a deputado federal. Sou candidato a governador do Espírito Santo.

E na eleição majoritária? O senhor considera alguma outra posição?

Não.

Senador?

Acho que tem outros candidatos aí que já estão colocados e que já estão correndo com isso.

E como está essa escalação dentro do Republicanos do Espírito Santo? O candidato ao Senado será mesmo Serginho Meneguelli ou pode haver alguma mudança?

Sérgio Meneguelli é o candidato. Foi lançado lá pelo presidente nacional do partido, Marcos Pereira, numa reunião que contou com Amaro [Neto], comigo, com Roberto [Carneiro, presidente estadual do Republicanos], com outras figuras. Então hoje o Serginho é o nosso candidato a senador.

Existe a informação de bastidores, confirmada inclusive por uma fonte do Republicanos, de que o presidente nacional do partido, Marcos Pereira, deu ao senhor e aos dirigentes locais um prazo para o senhor se viabilizar e atingir um determinado percentual, algo entre 8% e 10%, nas pesquisas de intenção de votos. O senhor confirma que a direção nacional estabeleceu uma data-limite?

O que o ministro Marcos Pereira disse foi na entrevista em que ele me lançou aqui no final do ano passado: não existe candidatura a qualquer custo e a qualquer preço. Ninguém é candidato sem grupo, sem base e sem viabilização. Eu acho que nós vencemos a primeira etapa bem. Nós, junto com o governador, somos as únicas candidaturas que ficam de pé do ponto de vista partidário, pois teremos chapa de deputado federal. Outros pré-candidatos ao governo não terão. Então, nessa primeira fase [a da montagem das chapas proporcionais], nós saímos de pé, junto com o atual governador. Temos o Republicanos, temos o Patriota, temos o PSC e temos o Agir. Então temos aí mais de 100 candidaturas a deputado estadual. Temos mais de 30 candidaturas a deputado federal.

Esses quatro partidos terão chapas de deputados estaduais?

Estaduais, sim. De federais, o Republicanos, o PSC e o Patriota terão. O Agir, não. Então, essa fala do ministro Marcos Pereira era naquele momento em que o Erick precisava rodar o Espírito Santo, o Erick precisava se tornar conhecido. E, naturalmente, ter o mínimo de viabilização para ser construído. Mas nós estamos, não é confiantes não, é super confiantes, para não dizer que essa meta já está próxima da finalização muito antes do prazo.

Mas qual foi a data-limite estipulada pela direção nacional para o senhor conseguir isso?

Prazo de registro de candidaturas, em agosto.

Não é maio ou junho não?

Não, prazo de registro de candidaturas: 15 de agosto.

Além do Republicanos, esses partidos que já compõem a sua coligação majoritária (o Agir, o PSC e o Patriota) são partidos pequenos, com baixa representação na Câmara dos Deputados. É o suficiente para lhe garantir essa viabilidade, ou o senhor precisa de mais partidos e mais forças?

Em política, quando você está cada vez mais forte, com mais aliados, é sempre melhor. Eu acho que é um bom pontapé inicial. Mas as portas não estão abertas, não; estão escancaradas a quem quiser construir conosco esse projeto, que não é um projeto do Erick, é um projeto a várias mãos, são várias ideias e pensamentos. Claro, comungando com aquilo que pensamos do ponto de vista administrativo etc. Estamos de portas abertas para fazer boas alianças em favor do Espírito Santo. Mas pode ter certeza absoluta de que é uma excelente largada você largar com mais de 100 candidatos a deputado estadual e mais de 30 candidatos a federal, formando uma base de sustentação espalhada pelos quatro cantos do Espírito Santo.

Falando nessas “portas escancaradas” para receber novos parceiros, e quanto ao PSDB? O partido no Espírito Santo é presidido pelo deputado estadual Vandinho Leite, ninguém mais, ninguém menos que um dos seus principais aliados na Assembleia. Ele foi inclusive um articulador político importante para o senhor em suas reconduções à presidência, especialmente em 2019. Até por essa amizade com Vandinho, é mais fácil trazer o PSDB?

Sim. O Vandinho é um amigo. Eu tenho muita confiança nele, e ele em mim. Nós temos um rito de cumprimento de palavra ao longo da nossa trajetória na política. E ele lidera um partido grande, no Espírito Santo e no Brasil. Ele já disse, e ele nem precisaria dizer, que o PSDB estará onde tiver participação na chapa majoritária. O PSDB tem projeto nacional. Então o PSDB tem bons quadros lá dentro que podem ser candidato a senador, a vice-governador. E ele, por liderar um partido grande, com certeza absoluta buscará espaços na majoritária. Então, nós manteremos diálogo com ele no tempo correto. E estamos de portas abertas para dialogar.

Esse diálogo com o PSDB já foi aberto?

Ainda não. Estamos respeitando os movimentos nacionais deles. Mas, independentemente da posição política que o PSDB tomar, minha relação de ordem pessoal com o Vandinho, de respeito e de amizade, permanecerá intacta, pois vai além da esfera política. É claro, vou buscar o apoio deles e acho importante esse apoio. Tenho disposição de dialogar com eles sobre um espaço para o PSDB na nossa coalizão.

Se a condição já externada por Vandinho para apoiar alguém a governador é um espaço na chapa majoritária, o que o senhor tem para oferecer a eles? No Senado, vocês já têm Meneguelli…

Eles podem compor a vice conosco.

Ricardo Ferraço, inclusive, seria um nome?

Rapaz, o senador Ricardo Ferraço é uma grande figura. Acho que é um cara que merece o nosso respeito. Foi um grande senador da República. Foi vice-governador deste Estado. Enfim, é um cara capacitado para atuar em qualquer área dentro da política capixaba.

Reprodução: ES360