Assembleia recebe cultura e tradições pomeranas
Legislativo teve atividades em comemoração pelos 165 anos da chegada dos primeiros pomeranos no estado
Os 165 anos da imigração pomerana no Espírito Santo, a serem celebrados no dia 28 de junho, foram lembrados em evento cultural realizado nesta segunda-feira (24) no hall de entrada do prédio da Assembleia Legislativa (Ales).
Houve simulação de casamento pomerano – com a tradicional quebra de louças – apresentações culturais e de tocador de concertina, além de declamação de poemas.
O proponente do evento, deputado Adilson Espindula (PSD), estima em mais de 160 mil a população de pomeranos e descendentes no estado, espalhados em comunidades rurais, principalmente de Santa Maria de Jetibá, Vila Pavão, Laranja da Terra, Domingos Martins, Santa Leopoldina, Itarana, Itaguaçu e Afonso Cláudio.
Memória
Adilson citou que tem como uma das prioridades de mandato manter viva a memória dos seus antepassados; em função disso é autor de lei estadual que inclui o ensino da língua pomerana em escolas de localidades dominadas por seus descendentes.
“Na semana passada foi homologada lei de minha autoria em que declaramos o brood (brote) patrimônio cultural e imaterial do estado”, acrescentou o parlamentar.
Discurso
Após o evento cultural, os pomeranos seguiram para o Plenário Dirceu Cardoso, que teve sessão ordinária interrompida para apresentação cultural de alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Fazenda Emílio Schroeder – localizada em Santa Maria de Jetibá.
Em discurso na Tribuna, Adilson Espindula destacou que 28 de junho é uma data que representa não apenas um acontecimento distante, de 1859, mas também uma parte essencial da identidade e cultura dos pomeranos.
Conforme declarou, a imigração pomerana trouxe consigo valores como a solidariedade, a perseverança e o amor à terra, contribuindo com o desenvolvimento agrícola e cultural do ES, deixando um legado que perdura até hoje.
“Suas histórias, canções, língua, costumes e receitas tradicionais continuam vivas. Nesta semana de comemorações honramos aqueles que desbravaram novos horizontes, enfrentaram desafios e construíram uma comunidade forte e resiliente”, finalizou.
Memorial
A professora e mestre em cultura pomerana Marineuza Plaster Waiandt afirmou que uma das formas de manter vivo o legado de seus antepassados é não deixar que a língua pomerana morra.
Para isso, ela atuou durante 34 anos alfabetizando crianças pomeranas com a língua que os pais herdaram dos antepassados. “Hoje, como mestre em cultura pomerana, sou guardiã da história de nosso povo, trabalhando com todas as faixas etárias no sentido de preservar esses valores”, disse.
Marineuza fez um convite aos capixabas em geral e turistas de outros estados para visitarem o Museu da Imigração Pomerana de Santa Maria de Jetibá.
Segundo explicou, o espaço funciona numa casa tipicamente pomerana, onde estão guardadas preciosidades da cultura do povo que migrou da Europa para terras capixabas no século 19.
“No espaço recebemos as pessoas para contar a nossa história, mostrar a nossa trajetória nestes 165 anos em solo brasileiro”, contou.
História
Conforme informações da página do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), os primeiros imigrantes pomeranos chegaram ao Espírito Santo em 28 de junho de 1859, dois meses após partir de Hamburgo, na Alemanha, no navio Eleonor.
O grupo de agricultores e luteranos era formado por 27 famílias, em um total de 117 passageiros. Na primeira viagem vieram os Bielke, Graunke, Krause, Küster, Raasch, Reinnholz, Schulz, Schmidt, Schumacher, Schroeder, Schwantz, Zumach, entre outros.
Conforme aponta a historiadora Cione Marta Raasch Manske no livro Pomeranos no Espírito Santo, migrar foi uma necessidade para muitos em virtude das disputas pela posse do território localizado na Europa, às margens do Mar Báltico.
No século XIX, conforme aborda a autora, mudanças políticas, econômicas e sociais contribuíram de forma significativa para o agravamento da situação de crise.
Até 1860 vieram outros 46 imigrantes. De 1868 a 1874 teria vindo a maior leva. Ao todo, 2.223 colonos de origem pomerana entraram no Estado.
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