Comissão de Meio Ambiente da Ales recebe moradores de Serra para debater qualidade da água

Comissão de Meio Ambiente da Ales recebe moradores de Serra para debater qualidade da água

O posicionamento da Cesan em virtude dos relatos coube ao gerente Metropolitano Norte Carlos Augusto Dilem. Ele contou que a empresa está presente em 53 dos 78 municípios capixabas e que possui 92 Estações de Tratamento de Água (ETA) e 102 de Esgoto (ETE). As demais cidades são atendidas pelos Serviços Autônomos de Água e Esgoto (Saaes) ou por empresa privada.

Dilem afirmou que a turbidez é apenas um dos vários parâmetros de potabilidade monitorados pela Cesan em relação à qualidade da água e que quando determinados padrões são ultrapassados é preciso suspender o serviço. “Quando tem uma situação de barro muito grande na entrada existe suspensão do abastecimento porque não há condições de tratar”, esclareceu.

Segundo o gerente, houve realmente um crescimento das reclamações de usuários da Serra neste ano, com um pico na ETA de Carapina, que abastece boa parte do município e está funcionando no limite da capacidade. Entre 1º de janeiro e 13 de março foram 492 reclamações, referentes a 398 imóveis, sendo 328 na área coberta por Carapina.

Ele frisou que as ocorrências foram pulverizadas entre os diversos bairros da cidade, mas que todas foram atendidas pelas equipes da Cesan, com as devidas orientações aos moradores. Além disso, que alguns imóveis demoraram um pouco mais a resolver o problema porque ficavam em “pontas de redes”. A solução definitiva, contudo, deve acontecer após a conclusão da ampliação da ETA, prevista para 2024, e que vai contar com melhoria da tecnologia de tratamento.

Em relação à salinidade da água oriunda da ETA Reis Magos, alegou que em virtude da característica do manancial de vez em quando a salinidade atinge um nível elevado e que o procedimento acaba sendo mesmo o corte no abastecimento. Entretanto, reforçou que na maior parte dos casos a população não sente o problema porque o sistema faz o uso da água da ETA Carapina.

Ahnaiá Silva, do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), disse que a questão da qualidade da água está ligada à captação da água bruta no manancial. Ela informou que o órgão vem monitorando as áreas que precisam de recuperação ambiental e pediu atenção aos municípios na hora de fazer os licenciamentos ambientais.

Punição

Odyléa Tassis, diretora de Saneamento Básico da Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (Arsp), enfatizou que a autarquia faz as fiscalizações necessárias, inclusive, na Serra, onde a Cesan já foi notificada. “O objetivo não é ficar distribuindo penalidades, mas corrigir as pendências. A agência caminha nesse sentido”, garantiu.

Gandini sugeriu aos municípios que tenham suas próprias agências fiscalizadoras, pois eles acabam passando essa atribuição para o Estado, que muitas vezes não consegue atender a todos adequadamente. “O município poderia conceder o serviço (de água e esgoto), mas não o da regulação. Poderia acompanhar mais de perto o serviço”, pontuou.

Outras ocorrências

Paulo Pimentel, do Comitê das Bacias Hidrográficas do Litoral Centro-Norte, enfatizou que o problema com a qualidade da água também ocorre em Aracruz. De acordo com ele, essa semana as torneiras em Vila do Riacho estavam com a água ruim.

Liderança comunitária de São Benedito, Valmir Rodrigues falou que a falta de água é um problema constante em toda a região de morros de Vitória. “Hoje tivemos um grande problema e a equipe da Cesan está na região tentando resolver”, salientou. Para ele, a solução passa pela construção de um reservatório, que chegou a ter as obras iniciadas em 2015, mas que não foram concluídas.

Conclusões

A deputada Iriny Lopes (PT) ponderou que a qualidade da água passa pelo cuidado com os mananciais e com os licenciamentos ambientais para atividades econômicas nos cursos dos rios. Ela apontou que a questão da turbidez da água na Serra é responsabilidade da Cesan, mas que outros problemas deveriam ser respondidos pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e de Recursos Hídricos (Seama), que não enviou representante.

Ela ainda contou que recebeu uma comissão formada por representantes de moradores de São Mateus que reclamavam da água salobra que continuava a chegar nas torneiras dos imóveis. Além disso, que territórios quilombolas estão sem água, sendo abastecidos apenas por carros-pipa.

Ao final da reunião Gandini deliberou que iria convocar integrantes da Seama para uma próxima reunião em que o assunto seria especificamente a política pública da pasta para os cursos d’água. “A gente precisa entender o que está sendo feito até para fiscalizar”, argumentou.

Reuniões

No encontro ainda foi definido que as reuniões ordinárias do colegiado ocorrerão às quartas-feiras, às 14 horas, no Plenário Rui Barbosa. O deputado Tyago Hoffmann (PSB) também participou dos trabalhos.

Fonte:Ales