Eleições 2022: quem vai receber o apoio dos maiores 10 partidos do Espírito Santo?

Eleições 2022: quem vai receber o apoio dos maiores 10 partidos do Espírito Santo?

O tamanho de um partido não é medido somente pelo seu número de filiados. Na verdade, o que garante os recursos financeiros, para a manutenção da sigla, é o tamanho de sua bancada no Congresso. Quanto maior o número de deputados federais, mais dinheiro a legenda vai receber dos fundos públicos para bancar as campanhas, e mais tempo de exposição na TV e na rádio terá.

Mas o tamanho da militância não pode ser ignorado. Porque são eles, os militantes, que vão para as ruas pedir e virar votos, distribuir santinhos, balançar bandeiras, colar adesivos e placas. São eles que promovem jantares de adesão, passeatas e carreatas de apoio, que lotam os palanques e comícios, cantam os jingles-chicletes, enfim, que dão corpo às candidaturas e atuam na ponta, diretamente entre o eleitor e o voto.

Na primeira parte da coluna (que pode ser lida aqui) foram listados os cinco maiores partidos em números de filiados – MDB, PDT, PT, PP e PSDB – e o possível rumo que eles tomarão no Estado, principalmente a quem irão apoiar na disputa ao governo. Abaixo, a situação de outros cinco grandes partidos capixabas.

6º – PSB

Em número de filiados, o PSB, partido do governador Renato Casagrande, ocupa a sexta posição com 21.933 membros, apenas 0,39% a mais do que tinha em 2020. Mas, os socialistas conquistaram o maior número de prefeituras em 2020 e, de lá pra cá, têm conquistado o apoio até de alguns gestores eleitos pela oposição.

Após o término do prazo para o troca-troca partidário, o PSB ficou com a maior bancada na Assembleia, com os deputados Bruno Lamas, Dary Pagung, Eustáquio de Freitas, Janete de Sá e Luciano Machado. E vai com chapa completa para a eleição deste ano.

Para a disputa à Câmara Federal o partido conta com o deputado Paulo Foletto, o suplente Ted Conti, a vice-governadora Jacqueline Moraes, o ex-deputado Givaldo Vieira, os deputados estaduais Freitas e Luciano, além de Tarcísio Silva, Flávia Cysne, Fernanda Jesus, Ivan Paganini e Fayda Belo.

Mas, a grande aposta do partido é a reeleição do governador Renato Casagrande e, de preferência, no primeiro turno. Por isso o esforço para que PT e PSB caminhem juntos já no primeiro turno. A leitura feita no mercado político é que a candidatura do senador Fabiano Contarato (PT) ao governo força um segundo turno e, como todos sabem e já experimentaram, segundo turno é outra eleição.

Outro impasse que o PSB também precisa administrar e resolver é quem irá ocupar os postos de vice, Senado e suplentes na chapa liderada por Casagrande. O presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini, já disse, em entrevista para o programa “De Olho no Poder” que, para ele, o vice ideal deveria ser alguém de centro-direita.

Também já sinalizou que a senadora Rose de Freitas estaria mais próxima de ser a candidata apoiada pelo Palácio Anchieta. Mas, há outros nomes, partidos e interesses em jogo e dificilmente o PSB vai conseguir agradar a todos.

7º – PTB

O PTB é, no Estado, o sétimo maior partido em número de filiados (19.750). De 2020 para 2022, a legenda reduziu um pouco o seu tamanho (-1,37%) e enfrentou também algumas turbulências internas tanto em âmbito nacional quanto local.

Após a prisão do então presidente da sigla Roberto Jefferson, o partido mudou de comando por duas vezes, com acusações de traições e irregularidades. A questão foi parar na Justiça e acabou respingando no Estado também. O deputado Adilson Espíndula, que hoje está no PDT, virou presidente estadual da legenda e a levou para a base de Casagrande. Mas o ato durou poucos dias.

Hoje o partido é comandado, extraoficialmente, pelo Tenente Assis, pré-candidato a deputado federal que só não é o presidente da legenda no papel porque a Constituição proíbe que militares da ativa sejam filiados a partidos políticos. Mas, na realidade, é ele quem manda.

Assis levou o PTB para a aliança com o PL, que tem o ex-deputado Carlos Manato como pré-candidato ao governo. O partido também abriu espaço à esposa de Manato, a deputada federal Soraya, que vai tentar a reeleição e teve dificuldades de se abrigar em outras legendas. O PTB agora espera indicar o vice na chapa ao governo já na convenção marcada para o dia 24. Manato, porém, não garante. Diz que se um partido maior entrar, ele fica com a vaga de vice.

8º – União Brasil

A fusão do DEM e do PSL para a criação do União Brasil não resultou num maior número de filiados, como era o esperado. Pelo contrário. Na junção, a nova legenda perdeu 37% de sua militância no Estado, caindo de 25.055 para 15.767 membros.

Um dos motivos pode ter sido a mudança de comando do partido capixaba. Antes da fusão, o DEM era comandado pelo ex-senador Ricardo Ferraço e o PSL pelo deputado estadual Alexandre Quintino. O PSL já tinha perdido alguns membros desde que o partido, que abrigou o presidente Bolsonaro em 2018, virou aliado do governador Casagrande. Alguns filiados deixaram a legenda com a saída do Presidente. Outros, logo em seguida, pela aproximação com o governador.

Nos bastidores, com a fusão definida, haveria um acordo de que Ferraço ficaria à frente da sigla a ser criada. Havia até uma certa concordância entre ele e Quintino, mas o deputado federal Felipe Rigoni já se articulava para migrar para a legenda e lançar sua pré-candidatura ao governo, o que não estaria nos planos de Ricardo Ferraço.

Pessoas próximas ao ex-senador afirmam que a ideia dele seria levar o União para a base do governador e negociar seu nome como vice de Casagrande, o que Rigoni seria contra. Na queda de braço entre Ricardo e Rigoni, o deputado levou a melhor e o partido, que passou a ser presidido por ele.

A mudança de comando gerou uma debandada de parlamentares. Não ficou ninguém com mandato. Rigoni teve de montar as chapas praticamente do zero, mas tem a garantia do presidente nacional da legenda, Luciano Bivar, que sua pré-candidatura ao governo é pra valer, independente da pontuação em pesquisas de intenção de votos.

9º – Cidadania

Eleição no Cidadania

O Cidadania, com seus 14.361 filiados, ocupa a nona posição entre os maiores partidos do Estado. Fechou uma federação com o PSDB e é aliado do governador Renato Casagrande desde o primeiro mandato do socialista. Faz parte da base de sustentação do governo do Estado na Assembleia e indicou nomes para a composição da gestão.

A federação ajudou a formar as chapas federal e estadual do partido que sofreu um duro golpe na eleição de 2020. À frente da Prefeitura de Vitória por dois mandatos, o Cidadania não conseguiu eleger seu sucessor, tendo o deputado Fabrício Gandini, que foi candidato a prefeito da capital, nem passado para o segundo turno da eleição.

De lá para cá o partido cogitou a possibilidade de indicar nomes ao Senado e até a vice na chapa do governador, mas um dos principais cotados, o ex-prefeito de Vitória Luciano Rezende, descartou – em entrevista para a coluna na semana passada – disputar qualquer cargo nessa eleição.

Na semana passada também, o Cidadania assinou, juntamente com o PSDB, uma resolução em que a federação anuncia que só vai coligar com pré-candidatos ao governo que derem espaço na majoritária para o grupo – discurso já há algum tempo defendido pelo presidente do PSDB, Vandinho Leite, mas agora “comprado” pelo Cidadania também.

O PSDB já foi convidado para indicar o nome de vice na chapa do pré-candidato ao governo Audifax Barcelos (Rede), resta saber se o Cidadania, aliado de primeira hora de Casagrande, vai embarcar numa candidatura de oposição ao Palácio Anchieta.

10º – PL

Nacionalmente, o PL se tornou a maior bancada na Câmara Federal, atraindo 77 deputados após a filiação do presidente Bolsonaro. No Estado, porém, viu cair o número de filiados, ocupando hoje a 10ª posição com 12.306 membros – eram 12.390 em 2020.

O PL vem para as eleições, além das chapas proporcionais, com duas candidaturas majoritárias: a de Senado, com a pré-candidatura do ex-senador Magno Malta, e a de governo, com o ex-deputado Carlos Manato, que sofreu muitas resistências no início – uma vez que o partido, presidido por Malta, tinha muitas reservas em bancar as duas candidaturas próprias.

Manato nega, mas nos bastidores ele teria costurado por cima (nacional) sua entrada na legenda para disputar o governo, não conseguindo, porém, levar sua esposa, a deputada federal Soraya, que teve de se abrigar no PTB.

Recentemente, também, muitos burburinhos davam conta de que uma possível união entre as siglas conservadoras PL e Republicanos, para fortalecer o palanque de Bolsonaro em todo o país, poderia rifar a pré-candidatura ao governo de Manato em prol da de Erick Musso, pré-candidato do Republicanos. Mas Manato, Malta e Assis negaram.

O principal ativo do PL é ter Bolsonaro como cabo eleitoral, por isso, as siglas trabalham para trazer o Presidente ao Estado já na pré-campanha. Não há garantia, porém, de que Bolsonaro conseguirá transferir votos, uma vez que em 2018, quando a onda bolsonarista era mais forte, Malta não conseguiu se reeleger e Manato não chegou ao segundo turno. Há também uma pulverização de pré-candidatos que buscam o voto do eleitorado conservador, o que pode dividir o eleitorado e acabar beneficiando o outro lado.

 

Fonte: Folha Vitória