Eleitores devem levar disputa ao governo do ES para segunda etapa

Eleitores devem levar disputa ao governo do ES para segunda etapa

O último 2º turno ocorreu há 28 anos. Desde a redemocratização do país, apenas duas eleições para governador foram decidas na segunda etapa no ES, em 1994 e 1990. A possibilidade de ocorrer neste ano, mostra que os ventos que sopraram nas eleições de 2018, mantém ainda em movimento a onda de mudança política que tomou Brasil e parte do mundo. O que não quer dizer ser em benefício de direita ou de esquerda.

A disputa de 2022 pelo governo do Espírito Santo pode superar um hiato histórico e ir para ser decidida no segundo turno. Última vez que isso aconteceu foi na eleição de 1994, quando Vitor Buaiz derrotou Cabo Camata, por 55.49% a 44.51%, respectivamente. Na eleição anterior, em 1990, Albuíno Azeredo com 66.46% venceu José Inácio que teve 33.54%. Apenas nestes dois momentos, desde a redemocratização, que o capixaba prolongou o período da escolha de governador.

De 1998, pra cá, quando José Inácio venceu Albuino Azeredo, por 61.29% a 13.73%, o Estado elegeu governadores em primeiro turno. Foi assim em 2002, quando Paulo Hartung impôs derrota por 53.97% a 41.50% em Max Mauro. Em 2006, Hartung reeleito com 77.27% contra Sergio Vidigal, ficando com 21.76%. Na seguinte, em 2010, Renato Casagrande venceu Luiz Paulo pelo largo placar de 82.30% a 15.50%. Em 2014, Hartung quebra a reeleição de Casagrande, alcançando 53.44% contra 39.34% do opositor. E no último pleito realizado no ano de 2018, Casagrande volta ao poder vencendo Carlos Manato, por 55.49% a 27.22%.

Será que teremos segundo turno?

Apesar da história nos mostrar a pouquíssima recorrência do eleitor capixaba em tomar a decisão fora do primeiro turno, assim como na natureza, a política também é sazonal. A possível mudança de ciclo pode ser observada nas pesquisas eleitorais divulgadas este ano.

O cenário apesar de cravar vantagem para o atual governador Renato Casagrande, não permite ao socialista a expectativa de furar o teto e alcançar a margem mínima dos 50 pontos que determina vitória no dia 2 de outubro, quando ocorre o primeiro turno.

A entrada de três adversários potencialmente competitivos culminou na mudança da geografia política no Estado. Essas candidaturas ainda em crescimento estão pulverizando os votos e avançando no território em constante evolução nos números. As métricas apontam que Carlos Manato, Guerino Zanon e Audifax Barcelos, tendem a subir e abocanharem a maior fatia do eleitorado indeciso. Enquanto Casagrande se mantém estacionando. Tendenciando a decisão rumo ao Palácio Anchieta para o dia 30 de outubro, no segundo turno.

Os três

De um lado tem Carlos Manato, 65 anos, que vem para disputa embasado pelo eleitorado de direita, tendo como fator de impulsionamento, o apoio do presidente Jair Bolsonaro. O ex-deputado federal por quatro mandatos figura como vice-líder nas pesquisas eleitorais. Em 2018, terminou o pleito na segunda posição, disputando contra o próprio Casagrande. Na época, Manato ainda não era unanimidade entre os conservadores, realidade oposta atualmente, conseguindo articular e aparar arestas no setor. Consolidado na direita, está procurando abrir frente de diálogo com eleitorado de centro. Disputa pelo PL.

Vindo do norte tem o ex-prefeito de Linhares, Guerino Zanon, 66 anos, está em sua primeira tentativa de chegar ao governo do Estado. Com cinco mandatos de prefeito e dois de deputado estadual, chegou a ser presidente da Assembleia Legislativa. Em 2006, foi eleito estadual mais votado da história com 65.704. Ele terá maior capilaridade no cenário nortista. Está buscando ampliar suas bases em outras regiões e de olho no eleitorado do espectro de centro-direita. Disputa pelo PSD.

Da região metropolitana, larga o ex-prefeito de Serra, Audifax Barcelos, 58 anos, que já governou o município por três mandatos. Em 2010, foi eleito deputado federal mais votado com 161.856 votos. Mais conhecido na Grande Vitória, região onde deve concentrar maior quantidade de apoiamentos. Também está em sua primeira disputa ao governo estadual. Ele se identifica como conservador nos costumes, mas seu campo de atuação política orbita no progressismo de centro-esquerda. Tem a vantagem de sair bem do maior colégio eleitoral do Estado, a Serra. Mas tem que popularizar seu nome fora do eixo cosmopolita. Disputa pela Rede Sustentabilidade.

Mas será que o eleitor capixaba tido como tradicional, que não gosta muito de mudar, está disposto a levar o embate ao segundo turno?

 

Fonte: Opinião ES