Entrevista com Halpher Luiggi: Engenheiro Capixaba assume direção do DNIT Sergipe

Entrevista com Halpher Luiggi: Engenheiro Capixaba assume direção do DNIT Sergipe

Halpher Luiggi é um capixaba nascido em Colatina, no dia 29 de julho de 1974, e sua família tem origem no Distrito de Santa Júlia, São Roque do Canaã. Ele cresceu no interior do Estado do Espírito Santo, mas mudou-se ainda criança para o centro da capital Vitória. Halpher estudou no Centro Educacional Agostiniano durante sua infância e adolescência.

Após concluir seus estudos básicos, Halpher decidiu seguir a área de Engenharia Civil. Ele ingressou na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), onde se formou em Engenharia Civil e também se especializou em Logística de Transporte.

Halpher é um católico devoto e está casado com Scheila Gonçalves de Souza. Eles têm três filhos: Victor, o primogênito, Karen e Victória, a caçula. Além de sua paixão pela engenharia e logística, Halpher também tem interesses diversos. Ele é um grande entusiasta da Fórmula 1 e acompanha de perto as corridas. Além disso, é um torcedor fiel do Vasco da Gama e tem uma coleção de videogames antigos, demonstrando seu interesse pela história dos jogos eletrônicos.

O Sr. iniciou sua profissão de engenheiro atuando no setor público?

Sempre tive minha carreira baseada no setor público. Comecei em 1995, quando fui aprovado no concurso público para trabalhar no extinto DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Tive a oportunidade de conhecer o funcionamento de todos os setores do departamento, que naquela época era vinculado ao Ministério dos Transportes.

No setor público, em quais instituições o Sr. prestou serviços?

Tudo começou em 1995, no extinto DNER. Depois, trabalhei no DNIT (Regional Espírito Santo) a partir de 2005. Em 2005, fui aprovado no concurso do extinto DERTES (hoje DER-ES), onde trabalhei por menos de um ano. Em agosto de 2006, através de concurso público, retornei ao DNIT em Brasília, onde permaneci até 2008. Em 2008, também por concurso, trabalhei no Ministério dos Transportes e, finalmente, em 2009, assumi o cargo de Especialista em Regulação na Agência Nacional de Transportes Terrestres, também por concurso público.

Com o passar dos anos, assumi o comando de algumas instituições. Em 2011, atuei até o início de 2015 como Superintendente do DNIT no Estado do Espírito Santo. Em seguida, fui convidado no final de 2014 para ser Diretor Geral do DER-ES, onde permaneci até agosto de 2016.

Em seguida, assumi o cargo de Diretor Executivo do DNIT em 2016 e também fui Diretor Geral em determinados momentos de 2018. Retornei à Agência Nacional de Transportes Terrestres em 2019, onde permaneci até 2021. Em janeiro de 2023, assumi o cargo de Secretário Municipal de Obras do Município da Serra. Agora, em 2023, fui convidado e assumi o cargo de Superintendente do DNIT no Estado de Sergipe, onde trabalho atualmente.

Existem diferenças entre atuar tecnicamente no setor público e no setor privado? Quais são as diferenças entre os dois setores?

Sim, existem diferenças significativas e vou citar algumas:

Objetivos e finalidades: O setor público busca atender ao interesse público, fornecer serviços para a sociedade e promover o bem-estar geral. No setor privado, o objetivo principal é a busca pelo lucro e a satisfação dos clientes.

Tomada de decisão: No setor público, as decisões geralmente passam por processos burocráticos, incluindo regulamentos e políticas públicas. No setor privado, as decisões são mais ágeis e podem ser tomadas por uma única autoridade ou equipe de gestão.

Cultura organizacional: O setor público é frequentemente caracterizado por uma cultura mais burocrática, hierárquica e orientada para processos. O setor privado tende a ter uma cultura mais voltada para resultados, com maior flexibilidade e agilidade.

Responsabilidade: No setor público, a responsabilidade é voltada para o interesse público e a prestação de contas aos cidadãos.

Cite as ações que ajudou a consolidar no setor público, antes de assumir o cargo de Secretário Municipal de Obras do Município da Serra.

Essa pergunta me faz lembrar das muitas batalhas que enfrentei, mas trago comigo o sentimento de dever cumprido. Lembro-me do período em que fui Superintendente do DNIT/ES e tive a oportunidade de destravar obras importantes que estavam paralisadas há muitos anos, como a conclusão da duplicação do Contorno de Vitória e do Trevo da Ceasa. Alguns anos depois, como Diretor Geral do DER-ES, conseguimos destravar e retomar as obras da Avenida Leitão da Silva, uma das principais avenidas de Vitória.

Além disso, quando assumi interinamente a Diretoria Geral do DNIT, em Brasília, juntamente com o TCU e a bancada Federal, destravamos as obras para o início da construção do Contorno de Mestre Álvaro.

O Município da Serra representou um desafio profissional em sua carreira como engenheiro?

Sim, comandar a Secretaria de Obras de um município como a Serra foi um desafio. Vejo a principal diferença no contato diário com a população, que é mais pessoal, e muitas vezes o atendimento é direto aos munícipes. Outra diferença importante é a diversidade de projetos e intervenções que realizamos.

Enquanto no DNIT, o foco é sempre em infraestrutura de transporte, na prefeitura tive a oportunidade de construir escolas, reformar unidades de saúde, criar praças, calçadas, ruas e edificações diversas, como CRAS e o Centro da Juventude. Isso muda a visão que temos de atuação compartimentada.

No final, tudo é feito em prol do cidadão. Essa é a visão que deve permanecer e prevalecer na mente dos gestores públicos. Somos apenas uma ferramenta. O objetivo é atender ao cidadão, independentemente da política de gestão a ser implementada.

A extensão territorial e a carência de projetos dificultam o desenvolvimento de projetos e obras no município?

A extensão territorial pode apresentar desafios adicionais para o desenvolvimento de projetos e obras. Embora não seja necessariamente uma barreira intransponível, é importante estar ciente das dificuldades e adotar abordagens adequadas para superá-las. A gestão pública precisa ser capaz de identificar e atender às necessidades específicas de cada região do município, adaptando os projetos e obras de acordo com essas necessidades.

É necessário realizar um planejamento cuidadoso, considerando as limitações e implementando estratégias para superar essas dificuldades.

A extensão territorial da Serra oferece um campo fértil para investimentos e implementação de projetos, e a Prefeitura da Serra, além de trabalhar na implantação e concepção de empreendimentos que irão mudar a dinâmica da cidade, também tem como objetivo induzir o desenvolvimento e o progresso.

Cite os principais projetos que ajudou a consolidar na gestão do prefeito Sergio Vidigal.

Priorizamos a educação, com a construção de pelo menos mais 15 unidades educacionais no município e a ampliação de outras tantas. Isso permitirá que a prefeitura absorva, até 2025, pelo menos mais 7 mil novos alunos na rede. Outro ponto importante são as obras de mobilidade. Existem 4 grandes obras em andamento no município da Serra que irão mudar a mobilidade na cidade, sendo duas de responsabilidade da prefeitura, uma do Estado e outra do DNIT.

Fale sobre os projetos importantes em andamento e as obras que estão prestes a serem finalizadas.

No momento, destaco as obras de mobilidade, como a Rotatória do Ó, onde conseguimos superar os desafios do projeto e da obra e agora a prefeitura está se preparando para a inauguração.

Temos também o famoso Binário da Norte Sul, que irá ampliar a capacidade da Avenida Norte Sul, melhorando significativamente o trânsito na região, além de um novo sistema de drenagem que resolverá, em grande parte, os alagamentos em Jardim Limoeiro. Também temos a variante de São Domingos, que será uma nova ligação entre a Serra Sede e a parte litorânea do município. Além disso, há vários outros projetos em elaboração, e não posso deixar de mencionar a municipalização do trecho da BR 101 em Carapina.

Na área de planejamento, existem estudos em fase de finalização para atender às demandas da gestão do prefeito?

Temos dois eixos de grandes projetos na Serra. Um envolve a mobilidade, e além das obras em andamento, temos uma série de projetos em fase de elaboração. O conjunto dessas ações viabilizará a Serra como o maior potencial logístico do Espírito Santo, seja para residência ou trabalho.

Outro eixo é a educação, visando uma grande ampliação na oferta de vagas para nossas crianças, além da melhoria contínua da qualidade do ensino oferecido aos alunos da rede pública da Serra. Também temos outros eixos, como saúde, assistência, esporte, cultura e oportunidades. No entanto, seria melhor que o Prefeito falasse sobre eles (risos).

Foi um desafio dirigir a Secretaria Municipal de Obras da Serra?

Dirigir uma Secretaria Municipal de Obras é uma tarefa desafiadora, com diversas responsabilidades e demandas. A gestão de obras envolve planejamento, projetos, licitação, contratação, execução e monitoramento de diferentes projetos. É necessário garantir que as obras sejam realizadas dentro dos prazos estabelecidos, dentro do orçamento previsto e em conformidade com as normas técnicas e ambientais.

É preciso conhecer e cumprir as exigências legais, obter as licenças e autorizações necessárias e lidar com as burocracias envolvidas, garantindo o cumprimento de todas as normas aplicáveis. O relacionamento com a comunidade é outro aspecto importante: as obras municipais frequentemente impactam a vida das comunidades locais.

É essencial estabelecer um diálogo transparente com os moradores e envolver a comunidade nas decisões relacionadas às obras, por meio de reuniões informativas e mecanismos de participação cidadã, buscando soluções para as demandas da população. Capacidade de gerenciamento, habilidades de comunicação, conhecimento técnico e adaptabilidade são essenciais para lidar efetivamente com essas demandas.

Como vê a nova jornada profissional que está assumindo?

Uma nova jornada profissional sempre será emocionante e desafiadora. Requer autoavaliação, definição de metas, adaptação e uma mentalidade positiva. Cada jornada é única, e o sucesso depende da determinação, persistência e paixão pelo que se faz. Sou apaixonado por rodovias e por novas experiências. Cada oportunidade é um aprendizado e um crescimento contínuo.

Existem diferenças entre ser Secretário de Obras e agora dirigir um órgão como o DNIT?

Sim, existem diferenças significativas entre ser Secretário de Obras e dirigir um órgão como o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Essas diferenças estão relacionadas ao escopo de atuação, responsabilidades, abrangência geográfica, níveis hierárquicos e recursos disponíveis.

O que é o DNIT?

O DNIT é uma autarquia federal brasileira vinculada ao Ministério dos Transportes, responsável pela execução e fiscalização das políticas de infraestrutura rodoviária, ferroviária e aquaviária no país. O DNIT tem como objetivo planejar, projetar, construir, operar e manter as rodovias federais, além de promover o desenvolvimento e a modernização dos sistemas de transporte terrestre e aquaviário. Suas principais atribuições incluem planejamento e projeto de obras, fiscalização e controle, operação e manutenção, gerenciamento de projetos e regulamentação e normatização.

O DNIT desempenha um papel fundamental na infraestrutura de transporte do Brasil, buscando melhorar a eficiência, a segurança e a qualidade das vias de circulação no país.

O Sr. terá o desafio de ser Superintendente do DNIT em Sergipe. Como surgiu o convite para o novo cargo em um órgão federal?

O convite surgiu há alguns meses, quando ocorreu a formação do novo governo. Procuravam alguém para o DNIT em Sergipe que tivesse experiência em gerir órgãos com características semelhantes e qualificação técnica compatível com o cargo.

Quando iniciará a nova função de Superintendente do DNIT no estado de Sergipe?

Estou atuando em Sergipe desde o início de junho.

Quais são os novos desafios que o novo cargo traz para sua vida pessoal e profissional?

Na vida pessoal, é uma mudança significativa. Envolve mudança de casa, novos vizinhos, etc. Imagino o trabalho que isso dá para a minha família, já que de vez em quando precisamos nos mudar devido ao trabalho. Profissionalmente, é uma espécie de retorno ao órgão onde comecei e cresci profissionalmente, onde passei a maior parte da minha carreira, juntamente com a ANTT, com a qual tenho fortes vínculos profissionais. É uma nova etapa, um retorno.

Que mensagem você deixa para os amigos e para a população do município da Serra, onde atuou com dedicação por mais de dois anos?

Apenas uma palavra: OBRIGADO!

 

 

Mário Berardinelli | Editor