O PDT tem três nomes que podem ser alçados como candidatos do partido na disputa à Prefeitura 2024
Na próxima quarta-feira (26), o PDT vai filiar o presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia. O vereador, que foi convidado pelo prefeito Sergio Vidigal para entrar no PDT, pode ser a aposta do partido na eleição do ano que vem.
Com o tema “Um filho da Serra jamais foge à luta”, o evento de filiação será num cerimonial em Campinho da Serra, reduto eleitoral de Saulinho, que conseguiu a anuência do Patriota, seu antigo partido, para sair e se filiar a outra legenda.
“O Patriota vai fazer a fusão (com o PTB) e eu estava com uma conversa muito boa com o prefeito. Eu já estava praticamente fora do partido, aí eu fui liberado pelo Patriota e pelo TRE”, disse Saulinho, que é cotado para disputar a Prefeitura da Serra. E ele não é o único.
Hoje, o PDT tem, pelo menos, três nomes que podem ser alçados como candidatos do partido na disputa à Prefeitura: Saulinho, que vai se tornar pedetista nesta semana; o secretário de Turismo da Serra, Philipe Lemos; e o atual prefeito Sergio Vidigal, que é a maior liderança do partido no Estado.
O RECÉM-CHEGADO FIEL
Saulinho é vereador de 1º mandato e foi eleito presidente da Câmara numa sessão que foi antecipada – de novembro para agosto de 2022 – após um mês de confusão, sessões esvaziadas, discussões acaloradas e reuniões secretas numa casa em Nova Almeida.
Após selar um acordo com o então presidente Rodrigo Caldeira, numa construção que contou com a ajuda do prefeito Vidigal, Saulinho conseguiu antecipar a eleição da Mesa Diretora e unir os vereadores em torno de sua chapa, que foi a única da disputa. Ele foi eleito por unanimidade para comandar o Legislativo no biênio 2023-2024.
Da base governista, não foi somente em sua ascensão à presidência que Saulinho contou com o apoio do prefeito. No episódio do reajuste de salário dos vereadores para a próxima legislatura, a Câmara e principalmente Saulinho contaram com a “benevolência” de Vidigal.
Ao contrário do que ocorreu em Vitória – onde o veto do prefeito Pazolini ao reajuste dos vereadores provocou a ira do presidente da Câmara da Capital, Leandro Piquet, e da base aliada –, na Serra, Vidigal não se posicionou, permitindo então que o projeto recebesse sanção tácita e virasse lei. Conforme noticiou a coluna, na próxima legislatura (a partir de 2025) o salário dos vereadores vai passar de R$ 9.208,33 para R$ 17.681,99.
Com Saulinho à frente da Câmara, Vidigal tem conseguido aprovar os projetos da prefeitura com certa facilidade – antes do recesso foi aprovada a LDO da forma que foi enviada pelo prefeito. Além disso, Saulinho bate de frente e até compra briga pelo prefeito.
Em março, chegou a expulsar do plenário da Câmara o deputado estadual Pablo Muribeca (Patriota), que embora fosse seu correligionário, é um opositor ferrenho da gestão de Vidigal.
Saulinho admitiu que existe a possibilidade dele receber a benção de Vidigal para a sucessão na prefeitura, mas disse que, por ora, é apenas um soldado do partido. “Sim, sou um dos cotados, meu nome está à disposição. Mas, estou indo para o PDT para somar, sou um soldado do partido”, disse Saulinho, negando que tenha recebido qualquer promessa sobre candidatura majoritária.
O GALÃ BOM DE VOTO
O jornalista e agora secretário de Turismo da Serra Philipe Lemos foi para o PDT aos 45 do segundo tempo no ano passado num arranjo que envolveu até o governador Renato Casagrande (PSB).
Ele estava combinado para ir para o Avante, disputar uma vaga de deputado federal por lá. Porém, a legenda não se viabilizou e o PDT precisava de reforço, pedindo a ajuda do governo para montar uma chapa federal competitiva. O PSB chegou até a ceder alguns nomes e ajudou na construção da chapa.
Philipe, então, se filiou ao PDT e teve 45.260 votos em sua estreia na política. Mesmo com a votação expressiva, o PDT do Espírito Santo não conseguiu alcançar nenhuma cadeira na Câmara Federal. Mas o desempenho do jornalista chamou a atenção de Vidigal.
No dia 1º de março, Philipe assumiu a Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setur) e, dois meses depois, se mudou para a Serra. Nos bastidores, aumentaram os burburinhos de que ele poderia ser o sucessor de Vidigal, uma vez que o prefeito, em entrevista à coluna, disse que não tinha a intenção de disputar a reeleição.
Ele também se colocou à disposição do PDT: “Jamais fugiria das minhas responsabilidades. Temos uma relação muito boa no partido e com Sergio (Vidigal) a relação também é ótima. Acredito muito no projeto dele. E vou trabalhar firme pra manter a gestão no topo. Mas a minha prioridade é a secretaria e todos os projetos e compromissos que temos já em andamento”.
O DONO DA BOLA
Em fevereiro deste ano, Vidigal concedeu uma entrevista à coluna De Olho no Poder afirmando que não iria disputar a reeleição. “Quando eu assumi, eu disse desde o início que não estava nos meus planos (disputar a reeleição) e até o momento não mudei de ideia”, disse o prefeito à época para afirmar logo em seguida que o PDT iria participar do processo eleitoral:
“Isso não significa que eu vou governar de qualquer jeito e que não vou participar do processo. Até porque na Serra, nos últimos sete mandatos, cinco são do PDT”. Ou seja, ainda que mantenha a decisão de não disputar um quinto mandato à frente do maior município do Estado, Vidigal quer que o comando da cidade continue nas mãos do PDT.
Ter um candidato próprio não é nem um plano só do prefeito, mas do próprio partido, hoje comandado pelo secretário de Turismo do governo do Estado, Weverson Meireles. O PDT pode até não ter candidaturas próprias em outras prefeituras da Grande Vitória, mas na Serra, a chance disso acontecer é perto de zero.
A Serra é o único município da Região Metropolitana da Grande Vitória comandado por um partido de esquerda, que apoiou o presidente Lula, no segundo turno da eleição presidencial.
Além disso, a própria decisão do prefeito de não disputar a reeleição não foi ratificada pelo partido, que mantém a possibilidade em aberto de Vidigal disputar novamente. Vidigal é o principal nome da legenda e aliado de primeira hora do governador Casagrande.
No mercado político, aliás, há quem nem acredite que Vidigal irá se aposentar do pleito municipal – como também ninguém acreditou que o ex-prefeito Audifax Barcelos não iria mais disputar a Prefeitura. Como a coluna noticiou, ele já tem feito movimentações visando as eleições do ano que vem.
Entre aliados que apoiam a reeleição de Vidigal, há o temor de que ele não consiga transferir votos e eleger um novato como seu sucessor – como ocorreu com Audifax e Fábio Duarte em 2020 –, principalmente se o ex-prefeito e Muribeca disputarem.
Mas há também, dentro do partido, uma ala que defende que novas lideranças sejam lançadas na Serra. Dede 1997, Vidigal e Audifax se revezam no comando do município, mas desde a última eleição tem ganhado força no mercado político um discurso por renovação.
De qualquer forma, a decisão de escolher um nome para a disputa à Prefeitura da Serra não será feita agora pelo PDT. Até porque, para o partido que está no comando, antecipar o debate eleitoral acaba, na maioria das vezes, prejudicando o mandatário.
Depois, é preciso primeiro entender o jogo e saber quem serão os adversários. Algumas peças estão se mexendo. É grande a movimentação de partidos e de possíveis candidatos, nos bastidores, visando o comando da Serra. Mas isso já é assunto para uma próxima coluna.
Fonte: Folha Vitória
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