Presidente da República vai decidir se aceita pedido de desistência ou se haverá judicialização, após fim do contrato da Eco101

Presidente da República vai decidir se aceita pedido de desistência ou se haverá judicialização, após fim do contrato da Eco101

Após a Eco101 anunciar que vai deixar a concessão da BR-101 no Espírito Santo na última sexta-feira (15), um longo caminho burocrático começa a se desenhar para que, efetivamente, a empresa devolva a responsabilidade pelo trecho para o Governo Federal.

Oficialmente, a empresa já registrou o chamado pedido de devolução amigável. Agora, cabe à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) fazer uma análise técnica.

De lá, o processo vai para o Ministério da Infraestrutura, para uma segunda análise. Depois, seguirá para o Conselho de Parceria Público Privada, órgão consultivo, vinculado ao Gabinete da Presidência da República.

Especialistas em Infraestrutura, Finanças, Engenharia, Direito, Economia e Relações Internacionais vão fazer, então, um parecer que será encaminhado ao presidente da República, a quem caberá a decisão final.

Se o pedido for negado, o caso vai à Justiça. Se for aceito, terá início um novo processo: a chamada relicitação.

Não existem prazos definidos, mas, à reportagem da TV Vitória/Record TV, o advogado Sandro Câmara, especialista em Direito Público e Administrativo, estimou que, pela complexidade do contrato, mesmo com a devolução amigável, uma nova empresa não deve assumir as obras em menos de 2 anos. Mesmo assim, levaria menos tempo que uma possível judicialização.

Advogado Sandro Câmara diz que o pior dos mundos seria a judicialização no processo de desistência da Eco101 pela rodovia

“Imagine judicializar uma questão dessas e que envolve contratos que ficaram parados. Isso, inclusive, pode até impedir que haja uma continuidade. Com a judicialização, seria o pior dos mundos. O melhor caminho é que a empresa passe a concessão e que o Governo Federal aceite essa desistência”, disse.

Eco101 diz ter tido prejuízo financeiro

Entre as justificativas alegadas pela Eco101 para a desistência estão a demora nas liberações de licenciamento ambiental e desapropriacões de áreas, e decisões do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a forma de devolução do dinheiro do pedágio para as obras ainda não executadas.

O consórcio também diz ter tido prejuízo financeiro. Em 9 anos, afirma ter investido R$ 2,3 bilhões e faturado R$ 1,7 bilhão.

A Eco101 assumiu a rodovia em 2013 e o contrato previa a duplicação de toda a via até o fim da concessão, que era de 25 anos. Portanto, deveria acabar em 2038.

Segundo a empresa, ao longo dos nove anos de administração da rodovia, foram investidos R$ 2,3 bilhões em obras de melhoria e manutenção e sete praças de pedágio foram instaladas.

Durante esse período, de acordo com o grupo, foram realizados o recapeamento e o nivelamento de 100% da rodovia, construídos pontes, viadutos e passarelas de pedestres previstas no contrato de concessão.

Ainda segundo a concessionária, foram entregues trechos duplicados em Anchieta (2,5 quilômetros), Ibiraçu (4,5 quilômetros), João Neiva (2,7 quilômetros), Iconha (7,8 quilômetros) e 30 quilômetros entre os municípios de Viana, Vila Velha e Guarapari, totalizando cerca de 47,5 quilômetros duplicados. O contrato previa a duplicação de todos os 478,7 quilômetros concedidos à Eco101, logo, apenas cerca de 20% das obras de duplicação foram concluídas.

Quanto aos serviços, a empresa confirmou que assegura a continuidade deles até que uma nova concessionária assuma a gestão da rodovia. Ou seja, o grupo diz que continuará ainda com a prestação de todos os serviços de atendimento aos usuários.

Veja quais são eles:

• socorro médico e mecânico;

• veículos de inspeção de tráfego;

• caminhões para captura de animais;

• caminhões-pipa para combate a incêndios;

• monitoramento por câmeras para garantir o fluxo do tráfego e celeridade aos atendimentos em ocorrências na via.

Além disso, procurada pela reportagem, a empresa destacou que também serão mantidas as obras em andamento e os investimentos necessários para a manutenção da via, “sempre com o mesmo padrão de qualidade previsto no contrato de concessão”. A cobrança de pedágio continua.

A intenção da concessionária de abandonar o contrato foi noticiada pela primeira vez no último dia 4 de junho, com exclusividade pela coluna De Olho no Poder, da jornalista Fabi Tostes, do Folha Vitória.

No dia 15 de julho, a coluna De Olho no Poder, também, publicou em primeira mão que a Eco101 havia protocolado, naquela tarde, na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), uma declaração formal de intenção para deixar o contrato de concessão da BR-101 por meio de uma devolução amigável.

 

Fonte: Folha Vitória