Casagrande será apoiado por PV e PCdoB após federação?

Casagrande será apoiado por PV e PCdoB após federação?

Os partidos PT, PV e PCdoB registraram, ontem (18), a criação da federação “Brasil da Esperança”. Foi formada uma assembleia geral com 60 membros e a primeira presidente da federação será a líder petista, Gleisi Hoffmann. Os três terão de atuar juntos no Congresso e nas eleições, durante quatro anos. Para esse ano, o maior objetivo é fortalecer a candidatura do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto.

Diferente da coligação, na federação os partidos federados são obrigados a repetir a aliança nos estados, portanto, PT, PV e PCdoB estarão juntos no Espírito Santo e nas eleições de outubro. Desde que o TSE aprovou a possibilidade, os partidos vinham conversando e ajustando detalhes para fechar a aliança.

No início das tratativas, o PSB chegou a fazer parte do debate, mas por não chegarem a um consenso, principalmente em alguns estados-chave, os socialistas recuaram na possibilidade de federar, filiaram o ex-governador paulista Geraldo Alckmin e pediram o posto de vice na chapa de Lula, o que foi concedido, no mesmo dia em que o PT aprovou a federação.

Mas, embora tudo tenha sido acertado nacionalmente, aqui no Estado, os três vão precisar voltar à mesa de negociação, já que com relação à disputa ao governo do Estado, cada um dos três aponta para um lado.

O PT tem a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo do Estado. Já o PV faz parte da base aliada de Casagrande, contando até com o secretário de Meio Ambiente, Fabrício Machado, na gestão. E o PCdoB, embora não tenha mais nomes na gestão – já que o ex-diretor do Detran Givaldo Vieira trocou o PCdoB pelo PSB –, também tem uma relação próxima com o governador, embora com ressalvas. Ele chegou a participar do congresso do PSB.

Segundo a presidente petista, Jackeline Rocha, a pré-candidatura de Contarato está mantida e já haveria um “entendimento” com os demais partidos (PV e PCdoB) sobre o senador ser o candidato ao governo da federação.

“A candidatura de Contarato é a única majoritária da federação. Ele pontua nas pesquisas. É lógico que nós do PT sabemos da importância dos nossos aliados, que merecem participar desse processo de construção e estarão construindo conosco essa tática eleitoral. Na nossa visão, a candidatura de Contarato não só viabiliza o palanque de Lula como também fortalece as candidaturas proporcionais, de deputado federal e estadual. Já pudemos externar, com o PV e o PCdoB, qual era o nosso posicionamento e nós não tivemos nenhum tipo de resistência em ter o Fabiano Contarato como candidato da federação. Ao contrário, há um entendimento sobre isso”, disse Jacqueline

Segundo ela há um grupo formado pelos presidentes regionais e pelas executivas dos três partidos que debatem os arranjos partidários. Haveria 100% de acordo com relação ao apoio a Lula, mas essa unanimidade não foi obtida com relação à disputa pelo Palácio Anchieta. “Na candidatura ao governo do Estado, o PV tem sinalizado abertura para o debate, para que Contarato se torne o candidato prioritário. Vamos precisar de muito diálogo. Contarato é o candidato hoje da maioria da federação, mas estamos no processo de unificar as decisões”, disse Jackeline.

Contarato: pré-candidato do PT ao governo do ES

A questão de Contarato ser o único nome colocado entre os três partidos não o torna automaticamente o pré-candidato da federação, segundo Neto Barros. Para o líder comunista, a decisão sobre a disputa majoritária precisa passar pelo crivo dos membros da federação, que deverão definir se terão uma candidatura própria ou se vão apoiar algum outro nome.

“Uma candidatura própria vai ter que ter a aquiescência da maioria dos integrantes da federação. Não só a candidatura ao governo, mas as pré-candidaturas das chapas federal e estadual, tudo vai ser lançado, agora, pela federação”, explicou Neto Barros. Em outras palavras, o PT tem a sua pré-candidatura ao governo, mas a federação ainda não.

Isso também não quer dizer, segundo Neto Barros, que a federação irá para o colo de Casagrande, como quer o presidente do PV, Fabrício Machado. “Temos um ótimo relacionamento com o senador Contarato, contudo o PV tem uma aliança histórica com o governador Casagrande. Ainda tem muito diálogo para os próximos meses, nossa esperança é que o PT e o PSB façam uma aliança nessa eleição aqui no Espírito Santo”, disse Fabrício.

O secretário enfatizou sobre a intenção de se criar uma “frente ampla em prol do Espírito Santo”. “Não posso falar pelo PT, mas o PV é um aliado histórico de Casagrande e a gente defende isso”, disse o verde, sinalizando que deverá ser contra a federação ter candidato próprio.

Embora os partidos tenham até o final do prazo das convenções (início de agosto) para definir sobre candidatura própria, alianças e apoios, hoje, na federação há um impasse, que, segundo Neto Barros, só Casagrande poderá resolver.

“A prioridade é garantir o palanque do Lula. O governo Casagrande é importante, é o único governo de esquerda da região Sudeste. É um governo que tem tudo para se reeleger, mas só depende dele (Casagrande). Ele tem algumas dificuldades com a questão do vice, tem muita gente de centro-direita e direita no governo dele. Então, depende muito do governador, se ele vai realmente fazer o palanque do Lula e declarar apoio. Casagrande tem grande chance de receber o apoio da federação, mas tem muita água para rolar, como a questão do vice, do nome ao Senado, dos suplentes”, disse o líder comunista.

Na semana passada, em entrevista para o programa “De Olho no Poder”, o presidente do PSB capixaba, Alberto Gavini, disse que o perfil ideal para ser vice de Casagrande seria alguém de centro-direita. Disse também que até estaria conversando com alguns pré-candidatos ao governo, como o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon, para uma composição – o que vai de encontro ao que defende Neto Barros.

 

A indicação para o nome do Senado na chapa apoiada pelo Palácio Anchieta também é concorrida. Além do PT, que agora faz parte da federação, estão na briga: o MDB, com a senadora Rose de Freitas; o PP, com o deputado federal Da Vitória, e o Podemos, com o ex-secretário da Segurança Pública Coronel Ramalho.

 

O cálculo para acomodar todos os aliados e fechar a conta no positivo parece bastante complexo para o PSB e até impossível para alguns aliados. Ontem, o governo perdeu um partido que contava em sua base: o Patriota anunciou apoio à pré-candidatura do deputado Erick Musso ao governo do Estado. Mas, como Neto Barros fez questão de frisar por várias vezes na conversa com a coluna, “muitas águas vão rolar”. O jogo está apenas começando.

Reprodução: Folha Vitória