Assembleia apoia ação para encontrar desaparecidos
Posto montado no pilotis da Ales realiza coleta de material genético de familiares para colaborar nas investigações de casos de desaparecimento
Até quinta-feira (29), a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) será posto de coleta da Mobilização Nacional de Identificação e Busca de Pessoas Desaparecidas. De iniciativa do governo federal, a campanha tem três etapas e vai cruzar dados genéticos coletados em todo o país.
Na primeira fase, são colhidas amostras de DNA de familiares de desaparecidos por meio da saliva. Para ser atendido, é preciso apresentar o boletim de ocorrência do desaparecimento. Na Ales, o registro pode ser feito na hora. Segundo a perita criminal Carolina Mayumi Vieira, o processo é simples e totalmente indolor.
“O familiar (…) tem que preencher um termo de coleta. A gente pega as informações de contato, as características físicas da pessoa desaparecida, e logo depois a gente faz a coleta do material biológico, que é feita com essa esponjinha [imagem], que é esfregada na parte interna da boca (…). É um processo rápido, indolor, e nenhuma caraterística física é identificada. Só o perfil genético vai ser inserido nesse banco de dados (…)”, explica a perita.
Após o procedimento, o material é enviado ao laboratório de genética forense e inserido no Banco Nacional de Perfis Genéticos, onde são feitos os cruzamentos de dados em nível nacional. São 23 laboratórios e 200 postos de coleta em todo o país. No Espírito Santo, o recolhimento de DNA acontece em Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e Linhares.
A deputada Janete de Sá (PSB) é a responsável por tornar a Assembleia Legislativa o ponto de atendimento oficial da campanha na Região Metropolitana. Ela foi procurada pela Polícia Científica do estado e convida familiares de pessoas desaparecidas a comparecer aos postos de coleta.
“Nós temos no Espírito Santo mais de 170 famílias de desaparecidos. E nós estamos convidando elas para poder estar aqui na Assembleia, ou nesses pontos de coleta no Norte, no Sul do estado e na Região Noroeste, para poder estar procurando esse serviço. Para que essas pessoas que estão desaparecidas, que podem já estar mortas, outras ainda vivas, possam ser identificadas (…). Existe uma busca incansável das famílias por esses entes, por esses familiares que desapareceram. (…) Ou seja, um trabalho importante que a nossa Polícia Científica faz, dando oportunidade (…) para que essas pessoas sejam identificadas”, pontua Janete.
Este é o terceiro ano da campanha de Mobilização Nacional de Identificação e Busca de Pessoas Desaparecidas. No Espírito Santo, em 2021, foram coletados materiais genéticos de 58 famílias. No total, cinco pessoas foram localizadas.
Na esperança de encontrar sua irmã, sumida há 50 anos, a aposentada Sebastiana Basílio da Vitória compareceu à Ales para coletar material genético. “Eu procuro a Luzia Basílio da Silva, ou Luzia Bento da Silva, que é minha irmã. Ela desapareceu em 1974. A gente tentou pela internet, mas a gente não conseguiu. A gente encontrou pessoas parecidas com ela, com o mesmo nome, mas falou que não era ela, que morava em São Paulo. E ela foi pro Rio quando desapareceu. Aí a gente nunca mais teve notícia dela (…)”, compartilha Sebastiana.
No primeiro dia de atendimento, até a edição desta matéria, 11 famílias foram atendidas na Assembleia e 16 parentes coletaram material genético.
Etapas
Na segunda etapa da campanha será feita a coleta de impressões digitais e de material genético de pessoas vivas com identidade desconhecida em hospitais, casas de repouso e abrigos. Por fim, serão feitas pesquisas de impressões digitais de corpos não identificados armazenadas em cada unidade federativa.
Apesar da campanha de mobilização, as coletas são realizadas em caráter permanente pela Polícia Científica do estado nas cidades de Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e Linhares. Os locais podem ser encontrados no site da Polícia Civil do Espírito Santo.
Serviço – Mobilização Nacional de Identificação e Busca de Pessoas Desaparecidas
Posto de Coleta: Auditório Hermógenes Lima Fonseca
Localização: Pilotis
Dias: 27, 28 e 29 de agosto
Horário: 9 às 17 horas
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