Audiência reconhece ação do Mepes no campo

Audiência reconhece ação do Mepes no campo

Em audiência pública realizada nesta segunda-feira (8), a Assembleia Legislativa (Ales) reconheceu o legado do Movimento de Educação Promocional no Espírito Santo (Mepes) na melhoria das condições de vida da população rural. Deputados e convidados também destacaram a importância da entidade, que fez 55 anos em 2022, na área social e na saúde.

A reunião foi promovida pela Comissão de Educação, presidida pelo deputado Dary Pagung (PSB). “A maioria dos deputados aqui da Assembleia tem um carinho com o Mepes e nós temos também contribuído para ajudar um pouco”, disse Pagung, que lembrou sua infância no interior, onde trabalhava na agricultura familiar e estudava no contraturno.

O requerimento para realizar o evento partiu de Iriny Lopes (PT), para quem a iniciativa do Mepes é importante para minimizar o êxodo rural. “Precisamos manter as pessoas no campo, manter e ampliar a produção de alimentos com qualidade”, afirmou a parlamentar, enfatizando a pedagogia de alternância, método de ensino-aprendizagem usado pela organização.

Na opinião da petista, uma rede organizada desse porte permite que jovens queiram dar prosseguimento às atividades rurais herdadas pela família. Nós temos que produzir lá, onde eles estão (jovens), para que eles fiquem lá. Não há mais soluções de grandes centros urbanos, isso virou problema, isso não virou solução”, considerou.

“Com muita habilidade, idealismo, coragem, o Mepes não se intimidou e enfrentou com determinação, os inúmeros e grandes desafios encontrados pelo caminho, se readequando e reinventando aos novos tempos, mantendo-se fiel aos seus princípios e à sua missão de contribuir, através de suas ações, na promoção integral das pessoas e no desenvolvimento sustentável”, avaliou o superintendente do movimento, Idalgizo Monequi.

Ex-estudante de Escola Família Agrícola (EFA), Idalgizo afirmou que a entidade apresenta “balanço muito positivo” de suas ações nas áreas de saúde, ação e, sobretudo, na educação ao longo dos anos. Nessa área destacou o pioneirismo do Mepes na pedagogia de alternância. Hoje a estrutura possui 18 EFAs (são mais de 2.500 estudantes) que ofertam nível fundamental e médio integrado ao curso técnico em Agropecuária.

Além disso, a entidade conta com 300 educadores em EFAs localizadas em 62 municípios, além de uma Escola Família de Turismo em Anchieta e do Hospital Padre Humberto Pietrogrande, no mesmo município. Em Anchieta, existem ainda quatro creches e um núcleo de apoio técnico-administrativo. Um centro de formação funciona na cidade de Piúma. Mais de duas mil famílias no estado são contempladas pelo Mepes.

O superintendente realçou a preocupação para a manutenção financeira do movimento, considerada um “grande desafio”. De acordo com Idalgizo, o Mepes depende de parcerias, muitas delas com o setor público. Ele  cobrou dos parlamentares apoio por meio de emendas. Aos deputados também pediu ajuda contra o fechamento de escolas e em questões referentes ao transporte escolar e à regulamentação da pedagogia de alternância.

Representantes

Em nome dos alunos, Daniel dos Santos, da Escola Família Agrícola de Alfredo Chaves, falou sobre a chegada do modelo da pedagogia de alternância na década de 1960, considerada na época como uma “nova oportunidade para alargar os horizontes”, que propunha “oportunidades para novas abordagens do meio rural, fomentando a permanência dos jovens no campo, desenvolvendo suas propriedades num viés agroecológico”.

Já Deuzira Tolentino da Silva Conte, representante das EFAs, ressaltou o papel das escolas, principalmente na agricultura familiar. “Essa conexão da pedagogia da alternância com a realidade concreta da vida das famílias, propicia a contextualização do conhecimento”, avaliou. Um dos desafios citados por ela é garantir a participação das famílias na gestão das unidades e do Mepes.

Presidente do Mepes, Darci Schaefer ponderou que as ações da entidade no campo da educação não têm o propósito de somente fixar os jovens no campo. “Não é porque nossos alunos estudam numa Escola Família Agrícola que obrigatoriamente eles têm de ser agricultores. Eles vão exercer aquilo que aprenderam, os fundamentos que aprenderam, na vida social, na vida de trabalho, na vida de educação, em qualquer profissão que eles exercerem”, destacou.

Além dos deputados Capitão Assumção (PL), Delegado Danilo Bahiense (PL), Tyago Hoffmann (PSB) – todos membros da Comissão de Educação –, participaram da audiência a superintendente do Incra no ES, Maria da Penha Lopes dos Santos; o coordenador Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no ES Laércio André; a gerente de Educação do Campo, Indígena e Quilombola do Estado, Valquíria Santos Silva; e o integrante da coordenação estadual do MPA, Dorizete Cosme.

História

O Movimento de Educação Promocional no Espírito Santo (Mepes) foi estabelecido em 26 de abril de 1968 por influência do padre jesuíta Humberto Pietrogrande. O objetivo era melhorar as condições de vida dos trabalhadores rurais por meio de ações sociais e nas áreas de educação e saúde em um contexto de êxodo rural.

A iniciativa é baseada nas Escolas Família Agrícola (EFAs) por meio de um sistema conhecido como pedagogia de alternância. Nesse modelo, alunos colocam em prática, na propriedade familiar, o que lhes foi passado na sala de aula, intercalando esses momentos. A primeira EFA foi fundada em 1969 no município de Anchieta. Hoje existem 18 unidades em 62 municípios capixabas.

Fonte: Ales.