Cai apoio à democracia e cresce apoio ao autoritarismo na América Latina, revela estudo
Na última década, entre 2013 e 2023, a democracia perdeu apoio na América Latina, enquanto o apoio ao autoritarismo cresceu. A informação faz parte dos resultados de pesquisa da Latinobarómetro, publicada e divulgada neste mês de julho em Santiago, Chile.
Realizada entre 20 de fevereiro e 18 de abril, a pesquisa inclui 19.205 pessoas em 17 países da região. A margem de erro foi de 3%. A metodologia incluía afirmações sobre democracia e autoritarismo, sobre as quais os entrevistados deviam responder se concordavam ou discordavam.
Segundo os resultados, 48% apoia a democracia. Foi uma queda de 15 pontos desde 2010, quando o total era de 63%. Enquanto isso, 17% concorda que um governo autoritário pode ser melhor. Foram 2 pontos percentuais a mais desde 2010, quando o total era de 15%. A indiferença ao tipo de regime político também cresceu, passando de 16% em 2010 para 28% em 2023.
Ainda segundo a pesquisa, o país onde os entrevistados mais concordam com a democracia é o Uruguai (69%). Em seguida, vem Argentina (62%), Chile (58%) e Venezuela (57%). Enquanto isso, o país onde o apoio ao autoritarismo mais cresceu é o México, seguido de Paraguai, Guatemala e República Dominicana.
Motivos
Em seu Informe 2023, a Latinobarómetro comenta que os números revelam uma recessão democrática na região. Segundo o informe, as crises econômicas influenciam essa tendência, mas os fatores mais importantes são políticos: baixa qualidade das elites governamentais, personalismo, corrupção, quebra de regras, incompetência para entregar resultados políticos.
Reforçando a conclusão, o Informe lembra que bens econômicos são muito mais fáceis de alcançar do que bens políticos, como transparência, igualdade jurídica e segurança. O crescimento econômico vivido na região entre 2002 e 2008, por exemplo, não trouxe benesses políticas como maior segurança jurídica ou mais estabilidade social.
No mesmo Informe, a Latinobarómetro lembra também os números que traduzem essa baixa qualidade das elites governamentais latino-americanas: 21 presidentes condenados por corrupção, 20 presidentes que não terminam seu mandato, presidentes que forçam sua continuidade no poder. No total, 1/3 dos presidentes latino-americanos eleitos desde 1974 quebraram as regras da democracia.
A Latinobarómetro é um estudo de opinião pública aplicado pela Corporación Latinobarómetro, uma organização não-governamental com sede em Santiago, Chile.
(Foto ilustrativa. Crédito: Hasan Almasi / Unsplash)
Escritor e publicitário. Bacharel em Jornalismo e Economia. Mestre em Relações Internacionais. Bacharelando em Filosofia.