Combate a narcóticos em pauta na Ales
Polícia Civil atua para reduzir oferta de drogas e desmantelar as organizações criminosas, inclusive do ponto de vista financeiro, diz o delegado Tarcísio Otoni.
O trabalho do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil foi pauta da Comissão de Política sobre Drogas, que se reuniu nesta segunda-feira (10), no Plenário Rui Barbosa. O debate foi proposto e conduzido pelo deputado Coronel Weliton (PTB) e contou com a participação de Mazinho dos Anjos (PSDB).
“Sabemos que os jovens têm entrado no mundo do crime (…), têm experimentado as drogas lícitas e ilícitas cada vez mais cedo e isso tem influenciado bastante o índice de violência, uma vez que um dos principais combustíveis para a criminalidade é o uso de entorpecentes”, alertou Coronel Weliton. De acordo com o delegado titular da Denarc, Tarcísio Otoni, a atuação do departamento se dá em três eixos – repressão, desarticulação e descapitalização do narcotráfico -, em conformidade com o Decreto Federal 9.761/2019, que traz a Política Nacional Sobre Drogas.
Essas frentes buscam reduzir a oferta de entorpecentes no estado, capturar os principais atores que organizam a logística da mercadoria e cortar o fôlego financeiro, que é um dos maiores pilares da criminalidade.
“O tráfico é um grande comércio ilícito, no qual os atores trabalham em todas as áreas, desde a fabricação, produção, distribuição, transporte, armazenamento, até chegar ao varejo, e, portanto, no consumidor. Sabemos que é um problema arraigado em diversos fatores. Trabalhamos para reduzir a oferta, aumentando a apreensão e diminuindo o número de prisões desde 2020, com operações mais qualificadas, em que as pessoas ficam presas em todo o processo e não são liberadas em audiências de custódia. Essas pessoas são de nível social mais elevado, brancas e com certo destaque social”, afirmou o delegado.
Observatório de Drogas
Otoni também explicou sobre o Observatório de Drogas, instituído pelo Denarc com objetivo de identificar a chegada da droga em território capixaba e coibir a distribuição, evitando confrontos. Além disso, busca conhecer a origem e a destinação dos narcóticos, bem como a sua precificação.
Segundo Otoni, atualmente existem mais de mil novas drogas sintéticas manipuladas em laboratórios clandestinos. Foi o monitoramento realizado pela delegacia que ajudou a identificar a presença de fentanil no Espírito Santo. “Através desse trabalho encontramos o fentanil, que numa análise grosseira passa batido”, disse.
A delegada Larissa Lacerda exaltou a atuação da equipe que, embora pequena, tem realizado um trabalho expressivo no combate às drogas no Espírito Santo. “Os bons números do desempenho se devem à dedicação da equipe. Com o apoio do setor de inteligência, que fica dentro da unidade e apoia a investigação todo o tempo. A gente não prende por sorte, a gente prende por um árduo trabalho investigativo. É um pequeno efetivo e pouca estrutura, mas a qualidade do trabalho é alta”, declarou.
Teleflagrante
Durante o encontro, os parlamentares criticaram o teleflagrante, serviço da Polícia Civil do Espírito Santo instituído pelo governo do Estado em setembro de 2021 com o objetivo de dar celeridade a autuações e ao trabalho da instituição. No teleflagrante, escrivães e delegados processam as ocorrências de forma remota durante plantões. Nas Delegacias Regionais, equipes de policiais civis com treinamento específico recebem os registros, gerenciam a comunicação remota e conduzem os envolvidos.
De acordo com os parlamentares, o serviço, além de ser ineficiente, apresenta inúmeras falhas, como discrepâncias entre o que é relatado no boletim de ocorrência e o que de fato aconteceu. O atendimento, segundo eles, é falho e perigoso para a condução das investigações.
“A gente tem que realmente rever isso, conversar com Arruda (José Darcy Arruda, delegado-geral da Polícia Civil) e Ramalho (Coronel Alexandre Ramalho, secretário estadual de Segurança Pública), senão daqui a pouco, pessoas vão ser presas e condenadas de forma injusta. A Ales tem que discutir muito essa questão… eu já ouvi de delegados que sentem que precisa ser melhorado”, disse Mazinho.
Prevenção em Cariacica
A secretária da Mulher de Cariacica, major Samiramis Baldotto Silva Lessa, falou sobre a criação e trabalho da Gerência de Política Sobre Drogas, primeira desse tipo focada no estudo e prevenção nos municípios capixabas. Segundo ela, o enfrentamento às drogas vai além do tratamento do dependente químico e é constituído por várias frentes de trabalho:
“A política sobre drogas é extremamente complexa. Por isso, estamos catalogando e regulamentando as casas terapêuticas para ofertar melhorias nesses locais, que são verdadeiros depósitos de pessoas. O outro lado é o da conscientização. A maconha movimenta toda uma rede de criminalidade. E quando falamos isso, as pessoas se chocam. O tráfico é responsável por 80% dos homicídios no estado. Em Vila Velha, já tivemos 90% dos homicídios ligados ao tráfico de drogas. Então, precisamos trabalhar com prevenção, principalmente nas escolas”, afirmou a major.
Fonte: Ales
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