Em troca de apoio, PDT quer garantia de Casagrande de palanque para Ciro Gomes
O PDT capixaba faz neste sábado (11) sua convenção estadual para eleger a nova diretoria – há consenso para que Weverson Meireles seja o novo presidente do partido, substituindo o prefeito Sérgio Vidigal no comando – com a presença do presidenciável Ciro Gomes e do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
Os dois chegaram na noite de ontem e, junto com Vidigal, concederam coletiva de imprensa. Ciro voltou a mirar sua artilharia em Lula e Bolsonaro, mas agora acrescentou ao alvo o ex-ministro Sergio Moro e o governador paulista João Doria. Apresentou parte de suas bandeiras, disse que o Brasil vive a maior crise de sua história e disse que gostaria muito que o PSB se juntasse a ele. “Eu gostaria muito que o PSB se juntasse a mim para a gente mudar o Brasil”, disse Ciro.
O aceno de Ciro ao PSB não foi isolado. Vidigal, ao falar sobre os planos do partido no Estado, disse que defende bandeiras e que não há nenhuma dificuldade de tentar construir uma aliança com o governador Renato Casagrande (PSB) que, embora não tenha dito oficialmente, seu partido trabalha a candidatura à reeleição. O PDT, porém, tem uma ressalva: “Não temos nenhuma dificuldade de tentar construir uma aliança, desde que o candidato desse palanque seja Ciro Gomes para presidente da República. Isso é muito importante”, disse Vidigal.
Hoje, o PDT faz parte da base aliada de Casagrande, ocupa espaço no governo e não tem, até o momento, um candidato ao Palácio Anchieta. Mas o PDT também tem um presidenciável que precisa de palanque nos estados. PDT é um partido grande, com bom tempo de TV e uma fatia significativa de recursos do Fundo Partidário. Sem contar que tem sob seu comando a cidade mais populosa do Espírito Santo. Ou seja, é uma “noiva” atrativa para acertar casamento. Mas, se a noiva exigir exclusividade, vai dificultar a vida dos socialistas.
PSB rumo à federação?
Na última quarta-feira (08), o PSB reuniu os diretórios estaduais para debater a respeito de o partido formar uma federação. Participaram da reunião 23 diretórios e, desses, 18 disseram ser favoráveis a fechar uma federação com partidos do campo da esquerda, incluindo PT, PCdoB, Psol e PV. Quatro diretórios defenderam formar uma frente com os partidos, menos com o PT. Entre os quatro, o diretório do Espírito Santo. Só um diretório, o de Tocantins, foi contra formar federação.
“O Conselho de Presidentes Estaduais do PSB, na reunião em Brasília, tirou como indicativo a possibilidade do PSB estabelecer parcerias para formar uma federação, porém, não ficou definido com que partidos, pois, esta matéria ainda terá que ser aprovada em uma reunião do Diretório Nacional do PSB”, explicou o presidente do PSB-ES, Alberto Gavini.
A federação tem peso maior que a coligação. Ela é nacional, ou seja, deve ser aplicada em todos os estados, e tem duração mínima de quatro anos. Se nacionalmente o PSB decide formar federação com o PT, no Estado, o partido de Casagrande terá de fechar com o partido de Lula e, com isso, acabará desfazendo a aliança que tem hoje com o PDT.
“Em 2018, Casagrande se posicionou favoravelmente. Mas, como partidário, ele vai respeitar a decisão nacional que o partido fizer. E se fizer federação? O que nós queremos no apoio a Casagrande é a garantia de palanque para Ciro”, disse Vidigal.
Em entrevista na semana passada, Casagrande não bateu o martelo de que irá disputar a reeleição, mas afirmou que vai liderar um projeto. “Posso não ser candidato a governador, mas eu vou liderar um projeto. E é um projeto amplo, que não vai se segmentar à direita ou à esquerda, mas terá diálogo com partidos de centro, centro-direita, esquerda. Hoje temos diálogo com diversos partidos, o Espírito Santo se caracteriza por alianças amplas”, disse Casagrande.
Gavini já disse à coluna que o PSB estuda a possibilidade de ter um palanque neutro, com duas e até três pré-candidaturas à Presidência da República. Isso tiraria a corda do pescoço dos socialistas já que Casagrande conta em sua base aliada com o PSDB (que tem João Doria como pré-candidato), Podemos (com a aposta em Sergio Moro) e o PDT, de Ciro. Com o noivo já está tudo resolvido, resta saber se as noivas vão aceitar também.
“Federação é uma solução esdrúxula”
O presidente do PDT nacional, Carlos Lupi, não quer nem ouvir falar em federação. Disse que não vê possibilidade e que é muito remota a chance do PDT entrar na modalidade para as eleições do ano que vem.
“A federação é uma solução esdrúxula para juntar os diferentes. E a única diferença da coligação é que ela cria uma camisa de força por quatro anos. Federação, pra mim, só pode existir se tiver candidatura única em todos os estados e na nação e nós não abrimos mão da candidatura de Ciro porque Ciro representa um projeto. Como vai fazer federação com PT tendo o PT candidato? Não tem como! Não é nada pessoal, mas acho que Lula já passou, já teve a vez dele, tem que pensar no futuro”, disse Lupi.
Reprodução Portal Jornal do Norte
Moderação e Revisão de Conteúdo Geral. Distribuição do conteúdo para grupos segmentados no WhatsApp. Cadastre-se gratuitamente e receba notícias diretamente em seu celular. Clique Aqui