Grupo de trabalho discute carreira de peritos da Polícia Científica

Grupo de trabalho discute carreira de peritos da Polícia Científica

Deputados e representantes da categoria debateram a estruturação da carreira e a criação de estatuto

Discutir a estruturação de carreira, sobretudo a defasagem salarial e a definição de estatuto dos peritos da Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES). Esse foi o objetivo da reunião do Grupo de Trabalho (GT) criado na Assembleia Legislativa para tratar do assunto. O grupo se reuniu com representantes da categoria nesta terça-feira (3) para traçar estratégias de diálogo com o governo, com quem serão debatidos os termos da estruturação da carreira dos peritos.

O presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais do Estado (Sindiperitos), Antônio Tadeu Nicoletti Pereira, falou sobre a importância de a categoria participar da criação do estatuto. “O governador se transformou inclusive no patrono da Polícia Científica, criou a Polícia Científica, juntamente com a Assembleia Legislativa”, salientou o sindicalista.

“A gente contou com o apoio de todos os deputados, mas a gente precisa agora dessa conclusão. O Estatuto dos Policiais Científicos, com a participação efetiva da categoria na sua construção, não feito entre quatro paredes”, complementou o convidado.

Defasagem salarial

De acordo com o líder sindical, o Espírito Santo tem hoje a pior média salarial da categoria no país. “E a questão salarial, porque assim, é motivo de total desânimo. Só não se para hoje em greve por causa de pressão do Ministério Público, nós estamos sob pressão do Ministério Público (…) É uma carreira que deveria ter toda a atenção do Estado”, frisou Nicoletti.

A reunião do GT foi conduzida pela deputada Iriny Lopes (PT). É unânime no colegiado a opinião de que o salário está muito defasado e que a categoria precisa endurecer o discurso com o Executivo. “Eu tenho dialogado muito com vocês, vocês sabem o que eu penso, sabem que nós devemos partir de um determinado patamar e discutir a forma de composição dos salários até chegarmos à média”, pontuou a petista.

“Mas eu falo até chegarmos à média, não é daqui a 30 anos não, é daqui a pouco tempo. Esse governo tem mais um ano e meio, porque depois da eleição acabou, e nem a categoria deve estar mais com disposição de esperar um ano e meio, porque está esperando desde 2019”, acrescentou Iriny.

O deputado João Coser (PT) concordou com a colega de partido. “Se vocês não colocarem com a força que vocês têm, vocês não vão conseguir o que vocês querem. Vocês vão ter que esperar 30 anos também. Então, é duro falar isso, porque parece insensibilidade, governante é insensível, está guardando bilhões, pra quê nota A mais?”, questionou Coser.

“As pessoas têm que ganhar salário, têm que ter educação, têm que ter saúde, têm que ter assistência. Não precisa de notas A mais, precisa de botar o servidor de forma decente, assalariado. Vocês não estão sendo tratados de forma decente (…) Não vai pra frente, só vai se vocês botarem o dedinho da ferida lá e incomodar o governo”, completou o parlamentar.

No mesmo caminho, o deputado Coronel Weliton (PRD) cobrou celeridade na solução do problema. “Eu penso, inclusive, que isso deveria ser resolvido também, definitivamente, porque estão jogando pra 2025, daqui a pouco vão jogar pra 2026, isso tem que ter um fim, haja vista que vocês já são uma instituição, decorrente do desmembramento da Polícia Civil, mas com maturidade suficiente pra fazer a gestão do próprio efetivo, do próprio orçamento de vocês”, avaliou.

Vontade política 

Já a deputada Janete de Sá (PSB), falou sobre a falta de vontade política para resolver o impasse. “Está bem claro para todos nós que o problema não é financeiro, o problema é meramente político, de decisão de governo, do impacto que ele tem em outras carreiras que também reclamam por melhoria salarial, por melhoria no seu subsídio, que também estão defasadas”, opinou Janete.

“Nós temos várias categorias que estão com o seu subsídio defasado quando se observa a média nacional. Então, o que eu gostaria de conversar não passa nessa reunião, porque, no meu entendimento, é uma estratégia, se a gente for colocar aqui, a gente acaba alertando o outro lado, daí são técnicas do próprio negociador, e aí o outro lado já se arma contra uma visão que a gente tem e que pode ser feita”, pontuou a parlamentar.

A deputada Camila Valadão (Psol) reforçou a opinião dos colegas. “A minha fala é uma fala crítica porque o governo conhece a pauta. Se nós, se o conjunto dos deputados ainda entre nós tem dúvidas sobre o que é a remuneração pleiteada pela categoria, se entre nós é natural, porque os deputados tocam muitas pautas nos seus mandatos, então é óbvio que nem todo mundo está por vezes totalmente ciente do que são as pautas, mas o governo sabe, o governo tem ciência”, ponderou.

“É importante a gente ter sim os registros dessa reunião, mas eu acho que é muito importante esse grupo ir ao governador, conversar com o governador diretamente. Para dizer ao governador que há um grupo na Assembleia e esse grupo tem um pleito, e o pleito é que a gente possa aprovar, gostaria eu que fosse ainda neste ano, porque a gente está o ano todo recebendo vocês nas galerias”, acrescentou Camila.

“Se o governo não fica incomodado, eu fico incomodada, por ter uma categoria que tem vindo tanto aqui e que ainda não conseguiu avançar nos seus pleitos, porque vai de uma secretaria para outra. Então eu penso que, diante disso, o ideal seria que este grupo fosse dialogar diretamente com o governador”, finalizou a deputada.

O deputado José Esmeraldo (PDT) cobrou a participação de membros do Executivo nas reuniões do GT. “Essas reuniões são importantes, mas o mais importante é o que vocês aqui falaram. É importante que nós tenhamos aqui, no prosseguimento dessas reuniões, alguém do governo (…) Porque depois vai dizer que não sabia, eu sei como é que é”, alertou o parlamentar.

O GT da Polícia Científica foi criado pelo Ato 4545, em novembro deste ano e é formado por 11 deputados estaduais e representantes dos peritos.