Iniciativas para aproximar jovens da política
“Escolas na Ales” e “Universitários no Parlamento”, promovem cidadania ao apresentar o trabalho da Assembleia como forma de despertar o interesse de crianças e jovens pela política.
Pesquisa divulgada pelo Instituto DataSenado, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), revela que, no período de uma década (2011 a 2021), o índice de brasileiros interessados em política caiu de 63% para 53%.
Os entrevistados apontaram que um dos motivos do desinteresse é o baixo nível de conhecimento sobre o sistema político, provocado, em parte, por deficiências no ensino, já que nas salas de aula haveria falta de informações claras sobre o tema.
Justamente com foco na formação para a cidadania, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) desenvolve iniciativas no sentido de aproximar escolas e universidades do Parlamento por meio de visitas à sede do Legislativo. O objetivo é que crianças e jovens possam entender a importância do exercício do mandato parlamentar no contexto político.
Uma das ações é o projeto Escolas na Ales, que já trouxe ao Palácio Domingos Martins, desde 2003, mediante agendamento feito pela Escola do Legislativo, quase 76 mil estudantes de 2.136 unidades de ensino públicas e particulares da Grande Vitória e do interior do estado. Já o Universitários no Parlamento, que teve início em 2005, recepcionou mais de 4 mil estudantes de 117 instituições de ensino superior.
Nas explicações do processo legislativo repassadas nas visitas aos espaços da Casa legislativa, como os plenários, os estudantes geralmente tomam conhecimento de que, por exemplo, são os deputados que discutem e votam as propostas enviadas pelo governador do Estado.
Os visitantes também tomam conhecimento da função principal dos deputados: legislar e fiscalizar os atos dos outros Poderes, assim como avaliar iniciativas elaboradas pelo Executivo, Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e pelos cidadãos (projeto de iniciativa popular).
“Nas duas visitas é explicado o papel do parlamentar junto ao Estado e, principalmente, no caso do Escolas na Ales, o papel da comunidade junto ao parlamentar, mostrando que o acesso à Casa, às sessões e até ao deputado pode acontecer por meio de várias ferramentas. Tanto presencialmente, acompanhando as sessões na galeria, ou pela TV e pela internet, por meio do YouTube, redes sociais e site da Ales”, explica Paula Portela, assessora da Escola do Legislativo, órgão da Casa responsável pelos projetos.
A servidora acrescenta que o propósito é mostrar que o Legislativo está aberto e desmistificar os espaços físicos para fomentar a participação ativa desses cidadãos na Casa, inclusive para que possam usufruir do Espaço Assembleia Cidadã e reivindicar o que, por ventura, sua comunidade pleitear junto aos deputados.
Interesse pela política
Sobre o interesse da população pela política, o procurador regional eleitoral Júlio de Castilhos avalia que mesmo pessoas com bom conhecimento do sistema político apresentam alto grau de desinteresse pelo assunto.
Castilhos afirma que o eleitor mais consciente acaba se desinteressando, também, devido a dificuldade de compreender, por exemplo, que ao votar em um candidato, na realidade, está escolhendo em primeiro lugar um partido ou federação.
Entenda os cálculos que elegeram os deputados
Isso ocorre devido ao modelo proporcional de escolha para deputados e vereador, pois os eleitos necessariamente não são os mais votados, e sim os que melhor se posicionam dentro do quociente eleitoral alcançado pelo partido.
“Isso leva a que o voto dado para um candidato que seja contra o aborto, por exemplo, pode eleger um candidato pró-aborto dentro do mesmo partido ou federação. O eleitor fica com a sensação de que seus anseios não estão sendo correspondidos”, avalia.
Amnésia eleitoral
Para o cientista político Mauro Petersem Domingues, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santos (Ufes), outro fator que agrava essa indiferença eleitoral se dá pelo fato de haver direitos garantidos em lei que, na prática, são inacessíveis aos mais carentes.
Mestre em Ciência Política, Mauro Petersem avalia que é justamente o desencanto com a política que faz com que muitos eleitores esqueçam até mesmo em que votaram, conforme já mostrado em pesquisas sobre esse tipo de fenômeno. “Crê-se, em nosso país, que a lei vale muito pouco, mas o nome, os amigos, as relações sociais é que abrem as portas quando necessário”, avalia.
Fonte:Ales
Especialista em moderação e revisão de conteúdo para jornais do consórcio de notícias, garante a qualidade editorial e a precisão das publicações, mantendo padrões rigorosos de precisão e excelência informativa.