No Senado, Rose de Freitas vai parar no centro de polêmica
Desde a última quinta-feira (07), quando denunciou que sua assinatura teria sido fraudada numa lista de apoio à abertura da CPI para investigar suspeitas de corrupção no Ministério da Educação (MEC), a senadora Rose de Freitas está entre os assuntos mais comentados nas redes sociais.
O vídeo em que ela denuncia a suposta fraude e pede apuração ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, viralizou. Sendo compartilhado, principalmente, por aliados do governo federal e perfis bolsonaristas que pediram a cassação do mandato do senador Randolfe Rodrigues, autor do pedido para a instauração da comissão.
Vídeo em que senadora acusa fraude em sua assinatura viralizou nas redes sociais
“Não assinei a CPI e, no entanto, meu nome constava no rol de assinaturas da CPI. Ninguém pode tomar posse da assinatura, com expediente digital, para colocar o nome de uma pessoa dessa Casa para dizer que apoiou tal requerimento ou uma comissão parlamentar de inquérito. Isso é uma fraude. Quem fez isso tem que ser expulso dessa Casa, está se apropriando do meu crédito político e pessoal, da minha responsabilidade e da minha autonomia, que é instransferível. Ninguém no meu gabinete tem autorização para assinar nada, nem parabéns. Peço a Vossa Excelência que peça para apurar”, disse Rose, na sessão, citando que teria sido abordada por ministros que a questionaram sobre o suposto apoio à CPI. De Pacheco ela obteve a garantia de que haveria apuração.
A polêmica, porém, não terminou por aí. O senador Randolfe foi para as redes sociais rebater a senadora capixaba. Ele gravou vídeos e publicou dois requerimentos que, supostamente, teriam sido assinados por Rose. Na sexta-feira, Randolfe publicou uma nota em suas redes sociais, afirmando que a senadora ou alguém por ela autorizado inseriu a assinatura de Rose em apoio à CPI do MEC no sistema Sedol. Isso teria ocorrido no dia 4.
Randolfe postou os dois requerimentos que supostamente teriam sido assinados por Rose
Depois, conforme escreveu Randolfe, teria sido inserido outro requerimento pedindo a retirada da assinatura de apoio. Randolfe publicou os dois requerimentos.
“Ora, só requer a retirada de um apoio quem o oferecera legitimamente antes, de modo a nos causar perplexidade a alegação de que o primeiro requerimento resultaria de fraude. Tal alegação, para além de soar francamente inverossímil, não se faz acompanhar de qualquer evidência. E, como orienta o melhor Direito, quem alega uma falsidade deve comprová-la de modo circunstanciado. Celeuma similar ocorreu na CPI da Covid, ocasião em que a senhora senadora, depois de assinar o requerimento, sinalizou sua retirada de apoio e, após, recuou de tal medida”, disse Randolfe.
Ele disse que, assim como a senadora pediu apuração, ele também pediu ao serviço de informática do Senado os registros de acesso e o endereço do IP de onde teriam partido os requerimentos. O senador chamou ainda a atitude da senadora de “tentativa de tumulto orquestrada pelo Palácio do Planalto” para abafar as investigações.
E o imbróglio durou todo o final de semana. Na sexta-feira ainda, Randolfe gravou um vídeo afirmando que o episódio da senadora não passava de uma “cortina de fumaça” fabricada pelo Planalto, apresentou novamente os requerimentos e disse que o nome de Rose nunca constou como um dos 27 da lista necessária para abrir a CPI.
Randolfe compartilhou reportagem em que traz encontro de Rose com o ministro Ciro Nogueira
No sábado, Randolfe foi além. Publicou trecho de uma reportagem do jornal O Globo que afirma, entre outras coisas, que Rose esteve com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, na quarta-feira (06), um dia antes de alegar, na sessão, que sua assinatura foi fraudada. “Ora, ora. Quem diria, né?”, escreveu Randolfe. Na reportagem, Rose alega que o assunto da CPI não foi tratado na reunião, o que ela confirmou, ontem (10), ao ser procurada pela coluna “De Olho no Poder”. “Tive quatro reuniões sobre cortes do orçamento e com vários ministros”, explicou, Rose.
Questionada sobre o que teria acontecido, se tinha apoiado a CPI e depois recuado, e se já tinha recebido alguma resposta da apuração prometida pelo presidente do Senado, Rose respondeu: “Já falei sobre isso, espero apuração dos fatos. Qualquer parlamentar tem direito de assinar um requerimento, mas não foi isso que aconteceu. O senador Oriovisto retirou sua assinatura, pois sabe que tudo isso pode gerar paralisação do MEC e paralisação até de atividades em escolas e universidades”, disse Rose.
Aliados do governo alegam que a CPI serviria de palanque eleitoral às vésperas da eleição. O ministro Ciro Nogueira tuitou: “O pedido da CPI, apenas com disse me disse sem provas, só tem um fato determinado: a tentativa do coordenador da campanha de Lula de atacar o presidente Bolsonaro, em ano eleitoral. Só resta a eles o vale tudo. Sinal de desespero”. Randolfe, que é do partido Rede, vai integrar a coordenação da campanha do ex-presidente petista.
Questionada se acredita que o senador tenha fraudado sua assinatura, Rose de Freitas respondeu: “Esse assunto vai ser apurado e na hora certa terá a publicação”. Além de Oriovisto, o senador Styvenson também pediu a retirada de sua assinatura, tendo agora 25 senadores apoiando a instalação da comissão. Porém, para que seja criada, a CPI precisa do apoio de um terço da Casa, ou seja, 27 senadores.
O alvo da comissão são denúncias de suposta corrupção na distribuição de verbas do MEC. Na justificativa para a criação da CPI, Randolfe cita que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro teria priorizado o atendimento com recursos federais aos amigos de dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Há um áudio em que o ex-ministro admite o tratamento especial aos pastores. Esses recursos seriam para a construção de escolas e creches. Prefeitos denunciaram que, em troca, os religiosos teriam cobrado propina aos gestores, com pedidos de dinheiro e até de ouro.
Reprodução: Folha Vitória
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