O Perfil do Eleitor Brasileiro: O Voto que Não Pensa
Por Coronel Wagner
Fala-se muito sobre o perfil do político brasileiro — e com razão. Mas talvez seja hora de olhar para o outro lado do espelho: o eleitor. Afinal, a política de um país é o reflexo direto de seu povo, e os representantes que chegam ao poder são escolhidos, legitimados e sustentados por milhões de votos que nem sempre vêm acompanhados de consciência.
O eleitor brasileiro, em sua grande maioria, não estuda o candidato em quem vota. Não pesquisa seu histórico, suas propostas, sua trajetória de vida ou suas reais intenções. Vota por simpatia, por conveniência, por emoção ou simplesmente porque “alguém mandou”. E assim, transforma o voto — um dos instrumentos mais poderosos da democracia — em um ato vazio.
Há quem trate político como ídolo. Cria-se o “político de estimação”, aquele que, mesmo cercado de escândalos e provas de má conduta, continua sendo defendido com unhas e dentes. O apego emocional substitui o discernimento racional. E quando a paixão cega o julgamento, a corrupção se instala com facilidade.
Muitos eleitores sequer se lembram em quem votaram na última eleição. Outros não acompanham o trabalho do político eleito, não cobram resultados, não verificam se ele cumpriu o que prometeu. E assim, o ciclo se repete: políticos ineficientes continuam no poder porque o povo se recusa a exercer seu papel de fiscal da democracia.
Há também quem vote por conveniência imediata. Troca o voto por promessas de emprego, por favores pessoais ou por uma simples “ajudinha”. Há quem escolha seu candidato pegando um santinho no chão da seção eleitoral, como quem joga um dado e deixa o destino decidir. Isso não é cidadania — é descuido com o próprio futuro.
O resultado dessa postura é previsível: continuamos elegendo os mesmos perfis que dizem o que queremos ouvir, mas que agem em benefício próprio. O eleitor desatento torna-se cúmplice da má política, ainda que sem perceber.
Enquanto o voto for guiado pela emoção, pela troca, pela amizade ou pelo desinteresse, a política brasileira continuará sendo um reflexo da nossa própria omissão.
A verdadeira mudança não começa em Brasília — começa dentro de cada cabine eleitoral, no momento em que o cidadão decide votar com consciência, e não com conveniência.



