O Setor Empresarial e a Agenda 2030

O Setor Empresarial e a Agenda 2030

Por Cesar Allbenes

No artigo anterior,  apresentamos três organizações da sociedade civil estão contribuindo para a realização da Agenda 2030 da ONU no Brasil: O Movimento Nacional ODS (MNODS), a Rede ODS Brasil,  e o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GTSC A2030).  Neste artigo, veremos como o Setor Empresarial está contribuindo para a realização da Agenda 2030 da ONU no Brasil.

As empresas possuem grande potencial de transformação da sociedade. Dos 200 maiores PIBs (Produtos Internos Bruto) do mundo, 157 são empresas. A receita das 10 maiores empresas equivale aos 180 menores PIBs.  Além disso, as organizações têm potencial para influenciar públicos.

De acordo com o “Edelman Trust Barometer 2019”, os brasileiros confiam mais no seu empregador do que nas instituições tradicionais. Enquanto Governo (28% no nível de confiança em uma escala que vai de 0 a 100) e Mídia (41%) estão no patamar da desconfiança, o “Meu Empregador” subiu 5 pontos, alcançando os 77%, de acordo com estudo global.

Dessa forma, para que os ODS sejam alcançados, o setor privado desempenha um papel primordial, seja no alinhamento de suas atividades à agenda global de sustentabilidade, dados os recursos financeiros que têm em mãos e a capacidade de impactar a sociedade, ou pelo poder de influenciar seus públicos e, com isso, contribuir para direcionar comportamentos. Além disso, o alinhamento dos negócios aos ODS hoje é uma questão de sobrevivência. Quem não está fazendo isso, coloca em risco a perenidade de sua operação.

Isso porque os ODS representam os grandes desafios da sociedade, as questões que precisarão ser equacionadas nos próximos anos. Algumas delas são cruciais para a sociedade, como as mudanças do clima, a gestão da água, o fortalecimento das instituições, entre outras.  Ao sinalizarem os grandes desafios, para um olhar empreendedor, os ODS apontam grandes oportunidades de mercado e indicam para onde o mundo caminha.

Além disso, fica cada vez mais relevante o conceito de “licença para operar”. Empresas com atuação desalinhada à Agenda Global de Sustentabilidade perderão espaço dentro da sociedade.

Pesquisa feita com 20 mil adultos de Brasil, Índia, Reino Unido, Estados Unidos e Turquia pela “Consultoria Europanel” aponta que 1/3 dos consumidores compra de empresas com impactos positivos, 21% consomem produtos de marcas aparentemente sustentáveis e, no Brasil, 85% sentem-se melhores quando compram produtos mais sustentáveis.

No Brasil, temos a “Rede Brasil do Pacto Global da ONU”, maior ação de sustentabilidade corporativa do mundo, que anunciou o lançamento da Ambição 2030, iniciativa composta por sete grandes Movimentos, criados para acelerar as metas propostas pela Agenda 2030 da ONU.

Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é uma prioridade e o engajamento do setor privado é fundamental para isso. Fazem parte da estratégia os seguintes Movimentos: “Mente em Foco”, “Elas Lideram 2030”, “+Água”, “Salário Digno”, “Raça é Prioridade”, “Ambição Net Zero” e “Transparência 100%”, que tratam de questões relacionadas à saúde, direitos humanos, clima, acesso à água e anticorrupção. Em 2021, em evento que contou com mais de 200 CEOs e lideranças do setor privado brasileiro, 150 empresas já haviam assinado compromissos públicos com as iniciativas do Pacto Global.

Os Movimentos são um chamado da Rede Brasil do Pacto Global da ONU às empresas brasileiras para reconhecerem a urgência e a necessidade de promover ações concretas, com metas e assumindo compromissos públicos.

A Rede Brasil é uma plataforma de projetos e ações que impactam a sociedade e potencializam os compromissos assumidos por meio do engajamento de lideranças do setor privado. A adesão é gratuita e as empresas podem participar de todos (Confira em: https://pactoglobal.org.br/).

No nosso próximo artigo, mostraremos como a Academia (Universidades, Faculdades e Institutos de Pesquisa também contribuem para a implementação da Agenda 2030 no Brasil.