Palestra explica peso da ação humana na Terra

Palestra explica peso da ação humana na Terra

Ciclo de palestras “Conexões Sustentáveis” recebeu nesta quinta (7) o professor de Geografia e Geopolítica Júnior Bola

A ação do homem como fator de destruição da vida terrestre foi a tônica da palestra do Professor Júnior Bola, convidado do projeto Conexões Sustentáveis desta quinta-feira (7). Docente de Geografia e Geopolítica, o palestrante falou sobre o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15, que trata da Vida Terrestre.

De acordo com o profissional, muitas são as consequências do desenvolvimento e do modo de vida desordenados do ser humano, como mudanças climáticas, ameaça de extinção de espécies animais, processos de desertificação de mares, etc. “Na verdade, hoje, nós estamos sendo vítimas diretas de tudo aquilo que nossos antepassados mais recentes construíram, ou destruíram, pode-se dizer (…)”, ressaltou Bola.

O professor utiliza a desertificação do Mar de Aral, na fronteira do Cazaquistão e Uzbequistão, como exemplo dos efeitos diretos da ação do homem na Terra. O lago de água salgada, que tinha o tamanho do estado do Espírito Santo e tinha grande protagonismo econômico na região, desapareceu por completo. Segundo Junior Bola, a construção de canais ao longo dos rios que abasteciam o mar de Aral foi a principal causa da desertificação dessa porção de água.

“O que era o Mar de Aral se transforma daí por diante no deserto de Aral, e começa a trazer uma outra preocupação (…). Aral era um mar de água salgada (…). Quando o vento bate, levanta esse sal, e faz tempestades que levam esse sal até os países vizinhos e arredores, salinizando o solo e impedindo com que qualquer tipo de agricultura possa se desenvolver na região. Olha como é um efeito em cadeia, o tamanho da problemática”, ponderou o professor.

Júnior Bola cita ainda a arenização dos pampas gaúchos e a possível submersão de ilhas oceânicas, como Tuvalu (Oceania) e Maldivas (Ásia), como consequência da ação antrópica na vida terrestre. De acordo com o profissional, o aumento do nível do mar devido ao derretimento de calotas polares é a principal causa da possível inundação das ilhas.

Nesse sentido, a existência de refugiados ambientais, segundo o professor, já é uma realidade. “Muitos moradores desse país (Tuvalu), já foram embora. Estão buscando outra alternativa de vivencia porque a capital já tem tido, em tempestades, um metro, um metro e meio de água no centro da capital. Então, eles têm medo de que isso aconteça, o mar não recua mais, e eles ficam realmente isolados nessa condição”, afirmou.

Além disso, Bola cita ainda a construção da maior hidrelétrica do mundo, a de Três Gargantas, na China, como causadora de grandes danos à vida terrestre. Como consequência, quase 1,3 milhões de pessoas foram retiradas das áreas de alagamento. “Nós estamos falando de 1,3 milhões de pessoas que já foram tiradas de suas áreas para que esse lago começasse a se constituir. E o plano da China é tirar mais pessoas ainda. E, mais do que isso, a segregação de espécies que aconteceu nessa região”.

O professor chama a atenção para alternativas viáveis de construções em harmonia com a fauna local. É o caso dos viadutos vegetados na BR-101, no Rio de Janeiro, que permitem a passagem e a preservação da vida de animais como o mico-leão-dourado – espécie da Mata Atlântica quase extinta há alguns anos.

Ainda segundo o professor, da mesma forma que o mico, muitos animais ao redor do mundo já foram ou estão ameaçados de extinção, como o urso panda, a harpia e o tigre branco.