🇧🇷 Patriotas equivocados

🇧🇷 Patriotas equivocados

Por Luiz Paulo Vellozo Lucas

A eleição de 1974 marcou a virada política da oposição contra a ditadura militar brasileira. O movimento estudantil abraçou as candidaturas do MDB e foi fazer campanha nas ruas. As vozes radicais pelo voto nulo foram sumindo. As tendências de ultraesquerda que foram para a luta armada foram derrotadas militarmente em todas as frentes.

Parte importante da esquerda ligada ao PCB rejeitou a luta armada desde o inicio, abandonou a utopia da revolução, assumiu a democracia como um valor universal e se engajou na aliança politica e eleitoral ampla pelas liberdades democráticas.

Pela primeira vez ouvi a expressão “patriotas equivocados” usada em referência aos grupos guerrilheiros que decidiram enfrentar o estado policial do regime militar com ações armadas. A democracia no Brasil foi conquistada na política, por uma frente ampla com liberais e conservadores democráticos. A luta armada dos patriotas equivocados da extrema esquerda só atrapalhou.

O movimento de massas de 2013 aglutinou um descontentamento difuso impulsionado pela frustração com o governo do PT e os escândalos de corrupção revelados pela operação Lava a Jato. A semente do movimento de ultradireita saudosista da ditadura militar germinou neste processo e fortaleceu-se com a monumental indignação anti petista.

O interregno Michel Temer não foi capaz de conter a escalada da irracionalidade e retomar o projeto social democrático iniciado com o Plano Real, já emparedado pelas duas forças extremistas radicalizadas. Bolsonaro assume a maioria do eleitorado do PSDB, visto como sendo uma alternativa politica fraca para o enfrentamento da forte propaganda petista nos meios digitais.

Com surpreendente desenvoltura nas novas tecnologias de comunicação, o capitão captura as bandeiras do patriotismo, do liberalismo econômico, dos evangélicos, do antipetismo e chega ao poder em 2018. A pandemia da COVID-19 revela a fraqueza do negacionismo cientifico da extrema direita e o governo Bolsonaro se inviabiliza, abandonando a politica econômica liberal representada por Paulo Guedes e a luta contra a corrupção encarnada por Sergio Moro. Assim consolida-se a extrema direita brasileira identificada ao radicalismo reacionário e antidemocrático internacional liderado por Donald Trump e comandada no país pela inacreditável família Bolsonaro.

Em 2022, o projeto bolsonarista, isolado no radicalismo com os patriotas equivocados da extrema direita, desenterra velhos lemas   integralistas “Deus, Pátria e Família” e perde por pouco as eleições presidenciais. Os acampamentos pró intervenção militar na frente dos quarteis e o quebra quebra de 8 de janeiro, assumidos como sendo a antesala do retorno a um regime ditatorial, foram desmascarados e derrotados. Manipulados pela mídia digital extremista, embarcaram na agressão indefensável de Donald Trump ao Brasil e estão sendo punidos dura e exemplarmente pelo Judiciário brasileiro.

O governo Lula, com sua politica externa errática e contaminada por antigos preconceitos antiliberais, pareceu um alvo fácil e conveniente para o tirano pós moderno Donald Trump demonstrar sua força.

O clã Bolsonaro resolveu pegar carona para intimidar as instituições brasileiras usando o porrete norte americano e acabou colhendo sanções econômicas e políticas para o Brasil e para a economia brasileira.

O resultado da encrenca é que vão complicar os processos judiciais do clã Bolsonaro e fortalecer o claudicante governo Lula, agora animado a liderar o interesse nacional contra os malvados ianques e assim mostrar-se mais patriota que o capitão.

O Brasil precisa se livrar do radicalismo, do populismo e construir um projeto eleitoral alternativo ao Lulo petismo. Que unifique o Brasil Democrático, seja reformista e orientado para a realidade da economia de mercado contemporânea e seus desafios tecnológicos, sociais e ambientais. Sem que a sombra do bolsonarismo e seus patriotas equivocados atrapalhem.

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