A manutenção do veto do Governador ocorre em meio a uma sessão tumultuada na ALES.

A manutenção do veto do Governador ocorre em meio a uma sessão tumultuada na ALES.

Projeto do deputado Capitão Assunção que defende o uso do sexo biológico como escolha para competições esportivas teve impedimento mantido

Por 14 votos contra e 8 a favor o Plenário manteve o veto do governo ao projeto que previa o sexo biológico como único critério para competições esportivas. A decisão acerca da matéria assinada pelo parlamentar Capitão Assumção (PL) foi registrada na sessão ordinária híbrida desta quarta-feira (7). Eram necessários 16 votos contrários para derrubar o impedimento do Palácio Anchieta.

O assunto rendeu debates acalorados, que começaram quando o veto era analisado na Comissão de Justiça, sob a relatoria do deputado Mazinho dos Anjos (PSDB). O tucano defendeu o posicionamento do Estado sobre o Projeto de Lei (PL) 184/2023 ao concordar que a iniciativa parlamentar invadia a competência da União para organizar competições esportivas.

Lá, o veto passou por 5 votos a favor e 2 contrários. Capitão Assumção, Lucas Polese (PL), Callegari (PL), Delegado Danilo Bahiense (PL), além de Hudson Leal (Republicanos) e Alcântaro Filho (Republicanos) defenderam a matéria. Os parlamentares realçaram as diferenças biológicas existentes entre homens e mulheres e destacaram as vantagens de mulheres trans em competições femininas.

A inconstitucionalidade da matéria foi questionada. Callegari lembrou da falta de segurança jurídica existente no Brasil e cobrou coerência dos colegas que votaram a favor da proposta quando ela foi acatada. Polese ressalvou que na época da aprovação foram apresentados argumentos a favor da inconstitucionalidade, mas mesmo assim o texto passou em Plenário.

O veto foi defendido pelas deputadas Camila Valadão (Psol) e Iriny Lopes (PT). Ambas também criticaram o teor da matéria do militar. A psolista valorizou o trabalho da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ao destacar a interferência do PL na autonomia das entidades esportivas. Ela defendeu regras estabelecidas acerca do tema, como as adotada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).

O forte embate entre a situação e a oposição marcou a votação do projeto 184/23 de autoria do deputado estadual capitão Assunção (PL). A proposta estabelecia a definição do sexo biológico como critério único para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no Espírito Santo.

O placar foi apertado (15 não e 14 sim), faltando um voto para alcançar maioria e derrubar o veto. Durante a contagem dos votos e o anúncio do resultado, o deputado Wellington Callegari (PL) indagou o presidente Marcelo Santos: “O placar não está claro para mim, está faltando computar os votos de alguns colegas”.

Outro momento que tencionou a votação foi quando a deputada Iriny Lopes (PT), subiu à tribuna da casa e acusou a oposição de ser preconceituosa: “essa matéria está sendo discutida de maneira transversa. Na verdade, os proponentes desta matéria são contra o direito à livre orientação sexual. O que se trata aqui não é de esporte não, é de preconceito, da política do ódio e da política de divisão”.

A manifestação da deputada petista desencadeou uma série de discurso, refutando sua fala e a postura de alguns deputados que mudaram seu voto, apoiando o veto do governo, como Dennimho Silva (União), Thyago Hoffmann (PSB) e Mazinho dos Anjos (PSDB). Callegari mais uma vez usou o microfone para lamentar a manobra do governo: “votem com a consciência de vocês. Aqui está bem claro, o que é conveniente ao governo é constitucional. Lamento pelos colegas que mudaram seus votos. Perde o Espírito Santo e perde as famílias capixabas”.

Outros deputados, como Tyago Hoffmann (PSB) e Janete de Sá (PSB), defenderam a inconstitucionalidade da matéria, embora tenham se declarado a favor da iniciativa. Líder do governo, Dary Pagung (PSB) orientou o voto para manutenção, ao passo que Coronel Weliton (PTB), líder bloco independente, orientou pela derrubada do veto.

Como foi pedido prazo para analisar o veto parcial PL 110/2023, do Dr. Bruno Resende (União), que institui o Estatuto da Pessoa com Câncer, não houve mais votações nesta quarta (7) porque a pauta ficou travada.

Veja como votaram os deputados

Contra o veto (14)

Alcântaro (Republicanos)
Allan Ferreira (Podemos)
Bispo Alves (Republicanos)
Callegari (PL)
Capitão Assumção (PL)
Coronel Weliton (PTB)
Delegado Danilo Bahiense (PL)
Hudson Leal (Republicanos)
Lucas Polese (PL)
Vandinho Leite (PSDB)
*Votos registrados no painel: 10
Theodorico Ferraço (PP)
Dr. Bruno Resende (União)
Gandini (Cidadania)
Zé Preto (PL)
*Votos registrados online

A favor do veto (7)

Camila Valadão (Psol)
Dary Pagung (PSB)
Denninho Silva (União)
Iriny Lopes (PT)
João Coser (PT)
Mazinho dos Anjos (PSDB)
Tyago Hoffmann (PSB)
*Votos colhidos no painel eletrônico
Sergio Meneguelli (Republicanos)
*Voto computado online

Presidente da Casa, Marcelo Santos (Podemos) não vota nas matérias.