“Desobstruam as rodovias”, apela Bolsonaro a manifestantes

“Desobstruam as rodovias”, apela Bolsonaro a manifestantes

Manifestações em contestação ao resultado das eleições seguem acontecendo por todo o território nacional, inclusive no Espírito Santo.

Um dia após se pronunciar acerca do resultado do segundo turno das eleições deste ano, do qual saiu derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), voltou a falar sobre o pleito na noite desta quarta-feira (02).

É que, por meio de uma live, o mandatário pediu para que os caminhoneiros e demais manifestantes que protestam contra o resultado das urnas, fechando rodovias federais e estaduais, desobstruam as vias o quanto antes, tendo em vista os transtornos que as manifestações têm causado em diversas partes do Brasil.

“Brasileiros que estão protestando por todo o Brasil, sei que vocês estão chateados, tristes, esperavam outra coisa. Eu também estou tão chateado, tão triste quanto vocês, mas precisamos ter a cabeça no lugar. Os protestos, as manifestações são muito bem-vindos e fazem parte do jogo democrático. Tem algo que não é legal; o fechamento de rodovias pelo Brasil prejudica o direito de ir e vir das pessoas, está lá na Constituição. Nós sempre estivemos dentro das quatro linhas das Constituição(…) Eu quero fazer um apelo a vocês: desobstruam as rodovias. Isso daí, no meu entender, não faz parte das manifestações legítimas”, disse Bolsonaro.

Logo em seguida ao pedido para que os manifestantes liberem as vias obstruídas Brasil afora, Bolsonaro, no entanto, enalteceu os demais protestos que seguem acontecendo em áreas públicas. “Outras manifestações que vocês estão fazendo pelo Brasil todo, em praças, fazem parte do jogo democrático, fiquem à vontade”, afirmou.

Espírito Santo

Manifestações como as aprovadas por Bolsonaro, realizadas em locais públicos, seguem acontecendo por todo o território nacional, inclusive no Espírito Santo.

Há três dias, manifestantes apoiadores do Presidente seguem na frente do 38º Batalhão de Infantaria do Exército, em Vila Velha.

Durante conversa com a reportagem do Folha Vitória na tarde da última terça-feira (01), participantes do ato afirmaram que aguardariam o pronunciamento de Bolsonaro para definir se continuariam ou não com as manifestações.

Como a fala do ´Presidente não sinalizou um pedido de interrupção dos protestos, que inclusive têm se espalhado por diversas partes do País, os apoiadores de Bolsonaro, que não aceitam o resultado do pleito do último domingo (30), do qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso, decidiram permanecer na frente do Batalhão por tempo indeterminado.

O ato em Vila Velha começou com uma dezena de manifestantes, mas tem ganhado corpo a medida que os dias passam. Durante todo o feriado desta quarta-feira, chegavam pessoas de todas as partes do Estado para ingressar no movimento em contestação ao resultado das eleições.

Muitos dos novos adeptos do protesto já chegaram ao local da concentração equipados com capas de chuva, guarda-chuvas, além de cadeiras de praia. Toda a movimentação foi registrada pela equipe da TV Vitória, no início da tarde desta quarta-feira (02).

Na segunda-feira (31), a reportagem já havia estado no local da manifestação, conversando com apoiadores e organizadores do ato, entre eles uma mulher que se identificou “Bia Bolsonaro 22”. Na ocasião, ela alegou protestar em função de suposta fraude eleitoral.

“Estamos aqui em contestação ao resultado das urnas, porque foi fraude sim. Queremos o nosso Bolsonaro, ele é o nosso presidente. Da cadeira dele, só Deus tira. Eu e mais outros guerreiros estaremos aqui 24 horas ou mais. Vamos pedir Deus, pátria, família e liberdade. Fora o Comunismo”, disse.

Resultado incontestável

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes já se posicionou acerca dos questionamentos ao processo eleitoral que elegeu Lula no segundo turno. O ministro destaca que foram os eleitores quem atestaram a credibilidade das urnas, sucessivamente atacadas nos últimos tempos. Em coletiva, o ministro afirmou ainda esperar que “cessem agressões ao sistema, aos discursos fantasiosos, notícias criminosas contra urnas”.

“Quem atestou credibilidade das urnas foram eleitores e eleitoras que foram votar e confiam na Justiça”, disse o ministro. “Essa etapa se encerra com vitória da democracia, sociedade, de eleitores que compareceram”, complementou.

Fonte: FolhaVitoria