Eleições 2022: apoio de Casagrande para vaga ao Senado será disputado
Na entrevista que deu ontem (27) no programa “De Olho no Poder”, na rádio Jovem Pan News Vitória (90.5 MHz), o secretário estadual de Planejamento, Gilson Daniel, que também preside o Podemos no Estado, disse que o partido pode ter um nome ao Senado na chapa do governador Renato Casagrande, ao ser questionado pela jornalista Patrícia Scalzer sobre as articulações para as eleições de outubro.
“Temos candidaturas nas chapas, podemos até oferecer um candidato ao Senado na chapa do governador Casagrande”, disse Gilson, sem revelar detalhes. Questionado sobre quem seria o candidato, fez mistério: “Só em abril”.
No mercado político, especula-se que esse nome pode ser o do secretário estadual de Controle e Transparência, Edmar Camata. Recentemente, num evento do governo no Palácio Anchieta, Camata foi questionado se iria disputar as eleições neste ano. Ele disse que, se for disputar, será uma vaga ao Senado. O Podemos estaria sondando o secretário, além de outros partidos.
Na entrevista, Gilson reafirmou o apoio ao socialista como um assunto já definido, tanto no Podemos capixaba, quanto no nacional. Ele disse que irá trabalhar muito para que Casagrande tenha um segundo mandato. E também para que apoie o candidato do seu partido à Presidência da República, o ex-ministro Sergio Moro.
Mas, independente de quem Casagrande irá apoiar nacionalmente – até porque isso será resultado das articulações do partido em plano nacional –, Gilson sinalizou que o partido pode pleitear o apoio a um nome ao Senado na chapa de Casagrande. O que é legítimo, uma vez que o Podemos faz parte da base aliada e já bateu o martelo de que estará junto com o PSB em outubro.
A questão é que outros nomes cotados para o Senado, de partidos que caminham ou pretendem caminhar na base do governador, também querem o mesmo apoio do socialista. Nesse ano, apenas uma cadeira do Senado estará em jogo: a cadeira ocupada hoje pela senadora Rose de Freitas (MDB) que, até o momento, é pré-candidata à reeleição.
Desde que assumiu o comando estadual do MDB, por meio de uma comissão provisória, Rose tem levado o partido para mais próximo do Palácio Anchieta. Ela assumiu o lugar do ex-deputado Lelo Coimbra – aliado do ex-governador Paulo Hartung e que conduzia o partido com certa distância da gestão Casagrande.
Nos bastidores, a aposta de Rose seria de fechar com Casagrande em apoio à candidatura à reeleição ao governo em troca, também, de apoio à sua candidatura à reeleição no Senado. Com isso, o MDB não teria candidatura própria ao governo, o que desagrada ao grupo de Lelo e do prefeito de Linhares, Guerino Zanon (MDB), que quer ser candidato ao Palácio Anchieta mas não está encontrando espaço na legenda para isso. Ele até já admitiu que deve trocar de partido.
Outro que também estaria em busca de apoio do Anchieta é o deputado federal Josias da Vitória (Cidadania), coordenador da bancada federal capixaba. Com as malas prontas para trocar o Cidadania pelo PP, Da Vitória teria interesse na disputa pelo Senado e, nos bastidores, já estaria brigando para ser o nome apoiado por Casagrande.
Episódios recentes, como o imbróglio do cancelamento da visita do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, ao Estado, sinalizam que a disputa entre Da Vitória e Rose está, ao menos nos bastidores, acirrada. E pode estar só no começo.
Nacionalmente, o PT discute formar uma federação com o PSB. Embora a possibilidade da aliança já tenha sido mais forte (hoje nem tanto), caso PT e PSB estejam juntos, Casagrande deve ter a preferência na disputa ao governo. Logo, o PT também deverá brigar para indicar o nome para a disputa ao Senado.
Normalmente, a escolha do nome do candidato que disputará o Senado na chapa é feita a partir de uma construção e fica para o final das articulações e dos prazos. O governador já disse que ainda que não dispute a reeleição irá liderar um grupo no processo eleitoral e que quer montar uma frente ampla. O que é bom por um lado e complexo de outro. Uma frente ampla exige habilidade e muito jogo de cintura para lidar com muitos grupos e acomodar muitos interesses.
Com tantos nomes em busca do apoio do Palácio Anchieta para a disputa ao Senado, a conclusão que se chega é que difícil coisa será estar na pele de Casagrande e do PSB na hora da decisão, pois será inevitável desagradar algumas lideranças. Resta saber quem será atendido em seu pleito.
Reprodução Folha Vitória
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