Filiação de Arnaldinho pelo PP e apoio a Pazolini em Vitória marcam nova fase política, com Audifax confirmado na Serra
O Progressistas (PP) está fazendo uma investida forte sobre o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), para filiá-lo até o dia 6 de abril, limite do prazo, e lançá-lo pelo partido à reeleição em Vila Velha. Esse é um dos destaques da entrevista concedida nesta quarta-feira (20) pelo presidente estadual do PP, o deputado federal Josias da Vitória, abrindo os planos e definições eleitorais do emergente partido nos maiores municípios capixabas.
Da Vitória afirmou categoricamente que tem conversado com Arnaldinho sobre isso toda semana, que os dois se falaram por telefone ontem à tarde e que o presidente nacional da sigla, Ciro Nogueira, também já conversou mais de uma vez com o prefeito por telefone. Disse ainda que o prefeito está avaliando o convite. A coluna apurou que Arnaldinho também tem se falado com frequência com a segunda eminência do PP no Espírito Santo, o também deputado federal Evair de Melo.
Na Capital, Da Vitória confirma que o PP já está com tudo encaminhado para compor a coligação liderada por Lorenzo Pazolini (Republicanos). O partido, por conta do seu tamanho, pleiteia a indicação do companheiro de chapa do prefeito na campanha à reeleição.
Na Serra, Da Vitória afiança que Audifax Barcelos, filiado ao PP há poucos meses, é mais candidato que nunca a prefeito – apesar dos gestos e declarações públicas do prefeito Sérgio Vidigal (PDT) em busca de uma união de forças na cidade “contra o retrocesso”. Segundo o dirigente estadual do PP, a decisão de Vidigal de não concorrer e lançar Weverson Meireles (PDT) em seu lugar motivou Audifax ainda mais para voltar à Prefeitura da Serra.
A seguir, apresentamos as definições e estratégias do PP, por Da Vitória, cidade por cidade:
Vila Velha: assédio forte a Arnaldinho
Da Vitória confirma que teve algumas conversas com o coronel Alexandre Ramalho (ex-Podemos) sobre a possibilidade de ele se filiar ao PP para se lançar à Prefeitura de Vila Velha. Ramalho optou, porém, pelo Partido Liberal (PL). “Ele é um quadro interessante, com uma boa trajetória. E é um amigo meu e colega há 33 anos”, disse o deputado federal, cabo da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES).
Como a negociação com Ramalho não progrediu, o PP passou a apostar todas as fichas na filiação do atual prefeito: “O que esperamos é filiar o nosso prefeito Arnaldinho Borgo no Progressistas”, revela Da Vitória. “Já fizemos o convite oficial a ele. Ele também já foi convidado pelo presidente nacional do partido, o senador Ciro Nogueira. Já foi convidado pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira. Ele é amigo do deputado Evair de Melo e é meu amigo.”
Para atrair Arnaldinho, Da Vitória destaca a dimensão do PP e um fator de fundo ideológico. Acredita que o PP combina mais com o perfil do prefeito que o Podemos:
“Temos na figura do Arnaldinho uma liderança extremamente importante. Aqui no PP ele estará na maior legenda de centro-direita com identidade mesmo. Eu considero o Progressistas o maior partido do país, por conta da identidade. Hoje temos o PL, que se agigantou por força da liderança do ex-presidente [Bolsonaro], com muitas pessoas que se filiaram. O segundo partido é o PT, que é um partido de esquerda. Hoje o PP é o partido de centro-direita com a legenda mais robusta, com a identidade mais consolidada, e isso se desdobra em todos os estados, inclusive no Espírito Santo.”
Arnaldinho tem perfil político de centro-direita. O atual partido do prefeito não tem uma identidade ideológica muito bem definida. Em 2022, o Podemos por pouco não filiou Sergio Moro para lançá-lo à Presidência da República, mas acabou apoiando Simone Tebet (MDB).
Em cantada pública e explícita, Da Vitória também destaca a organização, o volume de recursos e a segurança política transmitida, segundo ele, pelo PP a Arnaldinho:
“Temos um Diretório Estadual eleito por unanimidade. Todos têm segurança em qualquer compromisso que seja feito pelo nosso Diretório Estadual. Para uma liderança política da envergadura de Arnaldinho, isso conta muito. Além de toda essa segurança numa legenda que tem uma relação direta com o perfil dele, é o tempo de televisão, a segurança no Fundo Partidário e, principalmente, os atores que se encontram na cidade. Ele também foi convidado pelo Diretório Municipal, presidido pelo ex-deputado federal Neucimar Fraga”.
Bem, já não veio Ramalho… Se Arnaldinho também não vier, qual dos dois o PP vai apoiar? Da Vitória sinaliza preferência por ficar com Arnaldinho:
“Temos essa definição para fazer até agosto. Hoje os membros do PP em Vila Velha são muito próximos a Arnaldinho. Mas não tem martelo batido. O que já sanaria toda a dificuldade seria a vinda dele, filiando-se aqui. Da mesma forma, tem uma expectativa de todos de que o Progressistas esteja na chapa majoritária [como vice], mas o que eu defendo é que essa posição seja a posição de candidato a prefeito”.
Ok, mas e se o prefeito não topar, o PP postula a vice de Arnaldinho? “É a possibilidade mais justa”, responde Da Vitória.
Na Câmara de Vila Velha, o PP hoje tem dois vereadores. Quer chegar a três. O número de assentos em plenário vai aumentar de 17 para 21.
Vitória: fechados com Pazolini
Só falta homologar o apoio à reeleição do atual prefeito.
“Vamos chancelar essa decisão no registro da candidatura em agosto. Mas o ambiente está muito favorável para que possamos manter essa proximidade e essa parceria que já existe”, ressalta Da Vitória.
O deputado federal desfia elogios a Pazolini:
“Ele tem feito muito bem à cidade de Vitória e para o Espírito Santo no contexto geral, porque governa o município mais importante que nós temos. Então tenho trabalhado para que possamos fazer com que a cidade continue avançando, e temos inclinado um diálogo cada vez mais acentuado.”
E mais elogios:
“As lideranças estaduais e municipais do PP estão dialogando muito bem com a gestão do prefeito Pazolini, que tem conduzido o mandato com muita responsabilidade, com muitas entregas e com muita efetividade, sendo reconhecido em todas as pesquisas nacionais feitas nas capitais, por conta da habilidade que ele teve de tomar decisões às vezes um pouco antipáticas no início da gestão, mas que hoje fazem com que a cidade ganhe resultados, tendo recursos em caixa, projetos viabilizados, licitados, contratados e em execução.”
O PP, ratifica Da Vitória, quer mesmo compor a chapa de Pazolini indicando o candidato a vice, por “sentimento de reciprocidade” (expressão dele):
“Pelo tamanho da legenda, pela importância que tem o partido em um pleito eleitoral com televisão, pelas lideranças estaduais do partido, pela musculatura que pode ser dada a um projeto eleitoral, vejo que isso é nada mais que uma convergência de reciprocidade.”
O presidente estadual do PP não abre os nomes do partido que podem ser disponibilizados para a vice de Pazolini. Mas diz que nunca dialogou com Pazolini nem com Aridelmo Teixeira sobre a possibilidade de o secretário municipal de Governo trocar o Novo pelo PP.
Na Câmara Municipal, o PP hoje só tem um vereador, Anderson Goggi. A meta do partido é fazer três cadeiras. O número de vagas saltará de 15 para 21.
Serra: “Audifax acredita que vai ganhar”
Audifax, segundo Da Vitória, é mais candidato que nunca:
“Ele me disse na segunda que está decidido a disputar a eleição, ele é pré-candidato, está muito animado, e a última decisão do atual prefeito em relação à sua não participação aumentou muito a motivação do Audifax. Ele tem certeza de que tem muito mais chances. Ele acredita que vai ganhar a eleição e está se organizando para isso.”
Nos próximos dias, Audifax vai lançar a “Casa 11” (número de urna do PP), no bairro Laranjeiras. Segundo Da Vitória, será um “escritório onde ele vai receber todas as pessoas e trabalhar enquanto pré-candidato”.
O partido Agir já está fechado com Audifax.
Na Câmara da Serra, o PP hoje tem um vereador (Teilton Valim) e quer eleger três. A chapa foi montada por Audifax.
Haverá as mesmas 23 cadeiras em jogo.
Cariacica: “Não abrimos mão da vice”
O PP tende a manter o apoio à reeleição de Euclério Sampaio (MDB). O partido hoje tem a vice-prefeito, Enfermeira Edna, e almeja guardar a posição. “Nossa intenção é trabalhar para manter a vice. Não abrimos mão disso. Trabalhamos com essa prioridade”, salienta Da Vitória.
Na Câmara Municipal, o PP hoje tem um vereador: Romildo Alves. Quer eleger pelo menos três. Além do candidato à reeleição, a atual vice-prefeita será candidata a vereadora, assim como vereadores que podem migrar para o partido na janela (até 5 de abril) e alguns ex-vereadores com densidade eleitoral.
Haverá as mesmas 19 vagas em disputa.
Viana: apoio a Wanderson
O PP apoia a reeleição do prefeito Wanderson Bueno (Podemos). “Temos diálogo para termos o vice do Wanderson”, conta Da Vitória.
Na Câmara, a legenda planeja eleger pelo menos dois vereadores. O número total de assentos passará de 11 para 13.
Guarapari: Zé Preto é candidato
Recém-saído do PL com autorização do TRE, o deputado estadual Zé Preto já se filiou ao PP, e Da Vitória endossa sua candidatura a prefeito: “Ele está em primeiro nas pesquisas”.
Na Câmara Municipal, a agremiação deseja eleger pelo menos dois vereadores.
Cachoeiro: “Ferraço pode ser candidato”
Na maior cidade do sul do Estado, o PP é presidido pelo deputado estadual Theodorico Ferraço. Ele queria levar o partido a apoiar o vereador Juninho Corrêa (PL). Este, porém, desistiu da candidatura a prefeito, dando lugar ao vereador Léo Camargo, agora pré-candidato do PL.
Com isso, o PP voltou à prancheta de desenho. Segundo Da Vitória, tudo está nas mãos de Ferraço, que pode inclusive ser candidato novamente a prefeito ou lançar sua esposa, a ex-deputada federal Norma Ayub, também filiada ao PP:
“O Progressistas tem em Cachoeiro o compromisso de estarmos próximos do deputado Ferraço e da nossa ex-deputada Norma Ayub, que pode ser candidata, assim como o Ferraço também pode ser candidato. Ele também tem essa disposição de disputar.”
Acontece que Ferraço fará 87 anos em novembro e há meses se vale de uma licença médica para participar de todas as sessões plenárias da Assembleia de maneira virtual. Isso não seria um impedimento? Da Vitória não hesita:
“Estamos firmes com ele. Se ele decidir, estamos lá na pré-campanha e na campanha. Na vida, tudo é possível. É impressionante a disposição de Ferraço, como ele gosta da atividade política… É uma decisão que passa pela predisposição dele. Se ele entender que pode dar nova contribuição à cidade de Cachoeiro, seremos o primeiro soldado dessa batalha. O mesmo vale para a Norma.”
Linhares: apoio ao atual prefeito
“Estamos bem inclinados, numa conversa muito segura, a apoiar a reeleição do prefeito Bruno Marianelli [Republicanos]”, adianta Da Vitória.
“Temos uma chapa com vereadores próximos à administração e temos o compromisso da vice-prefeitura”, completa.
O vice, segundo ele, será escolhido pelo empresário e ex-deputado estadual Marcos Garcia (PP): “Talvez será ele, talvez alguém indicado por ele”.
Colatina: palanque inédito surgindo
Nunca antes na história os colatinenses viram um palanque formado por Da Vitória, pelo deputado federal Paulo Foletto (PSB) e pelo prefeito Guerino Balestrassi (MDB).
Mas isso parece muito perto de ocorrer. Foletto já declarou apoio à reeleição de Guerino, assim como o seu PSB. Da Vitória e o PP tendem a ir pelo mesmo caminho:
“Em Colatina, nossa chapa de vereadores foi construída com muitas lideranças próximas à gestão municipal. Também temos conversado com Renzo Vasconcelos [PSD], mas hoje estamos mais próximos do prefeito. Temos ajudado muito a gestão do Guerino, que tem dialogado muito com o nosso mandato em Brasília. Isso ajuda muito.”
Sobre o inédito palanque dividido por ele, Foletto e Guerino, o deputado federal comenta: “É um tempo de maturidade. Tem grande possibilidade que isso aconteça”.
Aracruz e São Mateus
Em São Mateus, a vida do PP está indefinida (situação comum a muitos partidos na cidade). Em Aracruz, o prefeito Doutor Coutinho, filiado ao PP, será candidato à reeleição.
Cômputo geral
O PP hoje tem 11 prefeitos com mandato no Espírito Santo. No momento, pelas contas de Da Vitória, o partido soma 32 pré-candidatos a prefeito entre os 78 municípios capixabas. A meta do presidente estadual é audaciosa: “Acredito que possamos passar de 20 prefeitos em outubro”.
Vai ter recurso para tantos candidatos em cidades grandes?
Fiz a pergunta a Da Vitória. Ele respondeu alfinetando concorrentes:
“O PP tem 50 deputados federais. Automaticamente, temos um dos maiores fundos, e os recursos serão distribuídos de maneira justa. No Espírito Santo, nossa prioridade são as candidaturas a prefeito e vice-prefeito. Então temos até um conforto maior do que legendas como o Republicanos e o Podemos. Temos uma condição mais confortável em termos de tamanho de partido e quantidade de candidaturas.”
Fonte: ES 360
Moderação e Revisão de Conteúdo Geral. Distribuição do conteúdo para grupos segmentados no WhatsApp. Cadastre-se gratuitamente e receba notícias diretamente no seu celular.