Henrique Herkenhoff, ex-secretário de Segurança sai em defesa de Manato sobre Le Cocq
O ex-deputado federal Carlos Manato (PL) foi associado à Scuderie Le Cocq, um grupo de extermínio famoso no Espírito Santo na década de 1990. A ficha de filiação dele à entidade é usada pela campanha do adversário, Renato Casagrande (PSB), para afirmar que o candidato do PL integrou o crime organizado no Espírito Santo. Os dois disputam, no segundo turno, o governo do estado.
Manato já afirmou e reafirmou que não participou de atividades ilegais na Le Cocq, à qual chegou, segundo ele, por intermédio de uma outra entidade, filantrópica, ligada a militares.
Nesta segunda-feira (17), o ex-secretário de Segurança Pública Henrique Herkenhoff, que integrou o primeiro escalão do governo Casagrande em parte da gestão realizada de 2011 a 2014, saiu em defesa de Manato.
Em 2014, Paulo Hartung disputou, e ganhou, o Palácio Anchieta contra o socialista. Na ocasião, Herkenhoff prestou consultoria jurídica a Hartung.
“Eu movi a ação que levou à dissolução da Scuderie Detective Le Cocq. Nunca chegou a nós nenhuma suspeita sequer de que o Manato tivesse participado de qualquer atividade ilegal da instituição. Ele nem sequer foi investigado, até onde eu saiba”, afirmou Herkenhoff, que foi procurador da República.
A declaração, dada em entrevista a um podcast, foi usada pela campanha de Manato no horário eleitoral exibido na TV nesta segunda.
“Formalmente, ela (a Le Cocq) se apresentava como uma instituição de caridade. Mas investigações do delegado Francisco Badenes demonstraram que, na verdade, um grupo paramilitar que exercia atividades como um esquadrão da morte, um grupo de extermínio, atraiu pessoas de bem para criar um biombo, para se esconder atrás de uma instituição aparentemente lícita, bem-intencionada. E isso obviamente era ilegal, por isso a instituição precisava ser dissolvida”, descreveu.
O símbolo da Le Cocq era uma caveira com olhos vermelhos e duas tíbias. Diversas pessoas, inclusive autoridades, como desembargadores e promotores de Justiça, integravam a entidade.
Herkenhoff diz que não está no palanque de Manato. “Não estou pedindo voto para A ou para B. Vim aqui apenas complementar aquela informação e restabelecer a verdade histórica, para que o eleitor possa votar informado, sabendo da verdade”, sustentou.
“VIROU MODA”
“Infelizmente, parece que virou moda, virou uma estratégia de campanha política, tentar imputar participação de algum candidato no crime organizado. Pessoas que nunca combateram o crime organizado, que não têm nenhum fundamento histórico ou jurídico, fazem esse tipo de acusação. Vira e mexe eu sou chamado a esclarecer a população sobre a verdade, até porque passaram-se muitos anos e as pessoas não acompanharam os fatos, às vezes nem eram nascidas na época”, destacou o ex-secretário, que também é ex-desembargador federal.
Sim. Herkenhoff foi procurador da República, desembargador, secretário de Segurança Pública e hoje é advogado e professor do mestrado em Segurança Pública da UVV.
Ao mencionar que “parece ter virado moda” a acusação de que o adversário político participou do crime organizado, provavelmente ele se refere à eleição de 2020. Na ocasião, a campanha do deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania) acusou Lorezo Pazolini (Republicanos) de ter ligação com o ex-presidente da Assembleia Legislativa José Carlos Gratz. Os dois disputavam a Prefeitura de Vitória.
A estratégia soou “forçada”, Gandini não foi nem ao segundo turno. Pazolini foi eleito.
Herkenhoff apareceu na propaganda de TV de Pazolini na época, no primeiro turno, e afirmou que o então candidato, enquanto delegado da Polícia Civil, combateu a corrupção. Depois, o advogado integrou a equipe de transição do prefeito da Capital.
PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO
Ao final da propaganda de TV do horário eleitoral de Manato nesta quinta, a campanha do candidato do PL informou que “protocolou na Justiça um pedido de investigação criminal para que o candidato Casagrande responda criminalmente pelas mentiras proferidas contra Manato”.
Fonte: A Gazeta
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