Trump chama embaixador britânico nos EUA de ‘um cara muito estúpido’
O presidente Donald Trump chamou o embaixador britânico nos Estados Unidos de “um cara muito estúpido”, nesta terça-feira (9), um dia depois de declarar que cortaria contatos com o diplomata, após um vazamento de informações descrevendo Trump como uma pessoa “incapaz”.
Inicialmente, Trump reagiu de forma contida, após a publicação no sábado de vários telegramas diplomáticos. Neles, o embaixador britânico, Kim Darroch, criticava duramente o governo Trump e descrevia o clima na Casa Branca como caótico.
O tom mudou, porém, e as relações entre Washington e Londres se tensionaram neste momento delicado, em que o Reino Unido enfrenta a nomeação de um novo governo no final do mês e o futuro do Brexit.
Ontem, Trump anunciou que não terá mais contatos com o diplomata britânico, mas May reiterou seu apoio a seu enviado em Washington.
“O embaixador maluco que o Reino Unido impingiu aos Estados Unidos não é alguém que nos empolgue, é um cara muito estúpido”, escreveu Trump em uma série de tuítes.
Em suas mensagens, o presidente deixou claro que não conhece Darroch, o que não o impediu de chamá-lo de “imbecil pretensioso”.
“Digam a ele que os Estados Unidos têm a melhor economia e o melhor Exército do mundo, e que ambos estão se tornando os maiores, melhores e mais fortes (…) Obrigado, senhor presidente!”, completou.
Londres tenta conter os danos dos vazamentos dos telegramas confidenciais enviados por Darroch, nos quais descreve Trump como “inepto” e classifica seu governo como “disfuncional”, buscando restaurar “a relação especial” entre os dois aliados.
O magnata também atacou a primeira-ministra britânica, Theresa May, em relação ao Brexit. Sugeriu ao embaixador que fale “com seu país e com a primeira-ministra May sobre sua fracassada negociação sobre o Brexit”.
“Disse a Theresa May como conseguir o acordo, mas seguiu seu próprio e ridículo caminho e foi incapaz de conclui-lo. Um desastre!”, enfatizou.
– Investigação sobre vazamentos –
As comunicações de Darroch, que chegou à embaixada de Washington em janeiro de 2016, não estavam destinadas a serem publicadas, motivo pelo qual o governo britânico anunciou a abertura de uma investigação sobre o vazamento.
Estas revelações acontecem em um momento ruim para Londres, pressionada, em função do Brexit, a fechar um acordo de livre-comércio com Washington, seu aliado histórico. Esta semana, o ministro britânico do Comércio Internacional, Liam Fox, viaja aos Estados Unidos para trabalhar no acordo.
Londres defendeu Darroch e o elogiou como um profissional que cumpre suas funções, dando julgamentos sobre o governo do país em que se encontra instalado.
Em um tuíte publicado nesta terça, o ministro britânico das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, denunciou as declarações “desrespeitosas e falsas” de Trump sobre o Reino Unido e sobre sua primeira-ministra Theresa May.
“Os amigos de Donald Trump falam francamente, então também vou fazê-lo: esses comentários sobre nossa primeira-ministra e meu país são desrespeitosos e falsos”, escreveu em resposta aos tuítes do presidente americano.
“Temos que descobrir como isso pôde acontecer. No mínimo para devolver a confiança às nossas equipes no mundo todo para que continuem nos dando avaliações sinceras”, completou o chanceler britânico.
O jornal “The Daily Telegraph” disse que este tipo de mensagem diplomática pode ser enviada para um círculo de 100 pessoas que trabalham no Ministério das Relações Exteriores e em outros departamentos.
Londres busca determinar as motivações do vazamento a duas semanas da nomeação de um novo governo, enquanto as suspeitas apontam para o alto escalão conservador em disputada pelo poder.
Na briga para substituir May, o favorito é o ex-ministro britânico das Relações Exteriores Boris Johnson, mas Hunt também é um dos candidatos.
Reagindo no sentido contrário ao do rival, Johnson reivindicou suas “boas relações” com Trump e se mostrou conciliador em relação às críticas a May.
“Eu mesmo disse coisas muito críticas a respeito das negociações sobre o Brexit”, declarou Boris Johnson.
Quem ganhar a confiança do partido para liderar o governo poderá nomear o enviado para Washington em janeiro de 2020. É quando termina a missão de Darroch.
Especialista em moderação e revisão de conteúdo para jornais do consórcio de notícias, garante a qualidade editorial e a precisão das publicações, mantendo padrões rigorosos de precisão e excelência informativa.