Deputados debatem em sessão na Ales sobre os crimes de abuso sexual de crianças na internet
Em reunião nesta terça-feira (20), no Plenário Rui Barbosa, deputados e representantes das forças policiais debateram a prevenção e a repressão de crimes de abuso e exploração sexual na internet contra crianças e adolescentes. Os convidados, entre os quais conselheiros tutelares, também abordaram os desafios para aprimorar o atendimento das vítimas na fase pós-repressão.
No encontro promovido pela Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente, o chefe de investigações da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) da Polícia Civil (PCES), Hércules de Nadai Aranda, revelou que a unidade recebe por mês, em média, 150 boletins de ocorrência de crimes cibernéticos no geral. Localizada na Capital, a DRCC tem atuação restrita a municípios da Grande Vitória.
De acordo com o policial, as investigações são complexas e envolvem dados requisitados junto a provedores de conexão de internet para que se descubra a autoria do crime. “Todo crime digital deixa um vestígio”, frisou. “Então aqueles que, por ventura, queiram se aventurar, não caiam nessa, porque a delegacia está preparada para identificar, reprimir e responsabilizar”, completou.
Prevenção
A escrivã da Polícia Federal (PF) Danielli Tristão coordena o projeto de prevenção ao abuso de crianças e adolescentes da instituição. Ela disse que a PF recebe, por dia, em média, 400 crianças de escolas públicas e de algumas particulares para abordar sobre corrupção, abuso sexual e drogas.
Nas palestras, Danielli faz um apelo para que as crianças que tenham passado por algum tipo de violência sexual se manifestem. “É impressionante a quantidade de crianças abusadas que vão à Polícia Federal e se identificam”, ressaltou. Quando isso acontece, os casos são investigados e é feita orientação junto aos responsáveis.
O trabalho de prevenção envolve informações sobre como agem e onde atuam os abusadores. “A tendência da criança que vai lá, criança em vulnerabilidade, é pensar que, ‘porque eu sou pobre, eu sou abusada’. Eu mostro que em todas as camadas sociais têm abusadores, têm pedófilos, em todos os lugares, em shoppings, dentro de casa. Na maioria das vezes o abusador é alguém da própria família”, salientou.
Também cobrou atenção de pais e responsáveis sobre eventuais mudanças comportamentais nos menores, como atitudes mais tristonhas. “O trabalho preventivo é tão importante quanto o trabalho repressivo”, acentuou Tristão.
Pós-trauma
Delegado da PF, Carlos Gustavo Lorenzoni Buaiz afirmou que o aumento, no Brasil e no mundo, de crimes como produção e veiculação de imagens e vídeos de conteúdo sexual com crianças fez com que os países se unissem contra esse problema comum.
Conforme explicou, o surgimento de novas ferramentas de investigação e acordos de cooperação internacionais e entre instituições permite que a Polícia Federal foque não só em quem dissemina, mas principalmente no produtor dos materiais, sendo possível chegar até as vítimas.
“A vítima precisa de apoio e a gente fica sem ter o que fazer no final da operação, por exemplo. Ela precisa de um apoio para ser retirada, muitas vezes, de dentro de casa, que é onde está o abusador na maior parte das vezes”, declarou o delegado ao reconhecer o pedido da criação de novos conselhos tutelares.
Lucineide Amaral, conselheira que atua na orla de Aracruz, reforçou os pedidos para a implementação de melhorias no pós-repressão, cobrança que foi encampada pelos deputados. Ela aproveitou para fazer um alerta aos pais: “Estamos focados em orientar esses pais para que realmente estejam presentes na vida dos filhos, não só entregar um celular para que eles fiquem quietos”.
Além dos citados, participaram da reunião o presidente do colegiado, deputado Alcântaro Filho (Republicanos), e os parlamentares Coronel Weliton (PTB) e Camila Valadão (Psol).
Fonte: Ales
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